Guerra às Drogas: Filipinas mostram que execuções não reduzem crimes

Guerra às drogas com execuções extrajudiciais nas Filipinas não reduziu crimes. Entenda o caso e o alerta para o Rio de Janeiro.
Guerra às drogas execuções extrajudiciais — foto ilustrativa Guerra às drogas execuções extrajudiciais — foto ilustrativa

A política de segurança pública do Rio de Janeiro, que resultou em uma megaoperação com mais de uma centena de mortos no Complexo da Penha, tem semelhanças com a guerra às drogas promovida pelo ex-presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte. A estratégia filipina, marcada por chacinas e execuções extrajudiciais, fracassou em reduzir a criminalidade e o consumo de drogas.

Fila de corpos estendidos em lona após megaoperação policial no Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro teve mais de 100 mortos em operação policial no Complexo da Penha.

Justificativas e Semelhanças com Rodrigo Duterte

O governador do Rio, Cláudio Castro, expressou satisfação com o resultado da operação, afirmando estar tranquilo em defender a ação. Segundo ele, a intenção não era matar, mas a retaliação dos traficantes tornou isso necessário, resultando na morte de quatro policiais. Essas justificativas ecoam as declarações de Rodrigo Duterte durante sua presidência nas Filipinas (2016-2022). Duterte alegava que a polícia agia em autodefesa, apesar de inúmeras evidências de execuções de suspeitos desarmados ou alvejados pelas costas. Provas falsas, como drogas e armas, eram frequentemente plantadas junto às vítimas.

Duterte expandiu para o nível nacional métodos que já utilizava como prefeito de Davao, incluindo a instrumentalização de milícias criminosas para combater traficantes. Frases como “Muitos vão ser mortos até que o último traficante estiver fora das ruas” e “esqueçam as leis de direitos humanos” se tornaram célebres durante seu mandato.

Fracasso da Guerra às Drogas e Melhoria nos Dados de Segurança

Estima-se que a guerra às drogas de Duterte tenha resultado na morte de 30.000 civis. Atualmente, Rodrigo Duterte aguarda julgamento por crimes contra a humanidade no Tribunal Penal Internacional. Crucialmente, a política de segurança pública baseada em execuções não atingiu seu objetivo de desbaratinar gangues e reduzir o consumo de drogas. Estudos acadêmicos indicam que as taxas de criminalidade não sofreram mudanças significativas durante sua presidência.

O atual Governo filipino reporta que os dados de segurança pública melhoraram consideravelmente após a saída de Duterte. Houve uma redução de 62% nos crimes entre 2022 e 2024, em comparação com o período de 2016 a 2018. Embora tenha havido uma diminuição nos índices em 2020 e 2021, este período coincidiu com a pandemia de covid-19, cujos lockdowns globais reduziram oportunidades para atividades criminosas.

Consequências e Alerta para o Brasil

A comparação com o caso filipino serve como um alerta para o Brasil, especialmente para o Rio de Janeiro. Cláudio Castro não deveria encontrar motivos para se espelhar em Rodrigo Duterte. A busca por segurança pública deve priorizar estratégias que respeitem os direitos humanos e que comprovadamente levem à redução da criminalidade, em vez de métodos violentos e extrajudiciais que se mostram ineficazes e contraproducentes a longo prazo.

Fonte: Estadão

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