Governo Lula Causa Fechamento de Legado Olímpico no Rio

Governo Lula corta verba do legado olímpico no Rio, fechando Parque de Deodoro. Impacto em atletas e candidatura aos Jogos Pan-Americanos 2031.
legado olímpico — foto ilustrativa legado olímpico — foto ilustrativa

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, através do Ministério do Esporte, decidiu cortar um acordo crucial de cooperação. Este acordo permitia que as Forças Armadas mantivessem e administrassem os centros de treinamento que foram legado dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. Como resultado direto dessa decisão, eventos, treinamentos e competições foram suspensos no Parque Olímpico de Deodoro, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Essa estrutura abrange mais de dez modalidades esportivas.

Parque Olímpico de Deodoro, Rio de Janeiro, com instalações esportivas.
Parque Olímpico de Deodoro.

Com a paralisação da área e a falta de verba específica para sua manutenção, os equipamentos do complexo correm um sério risco de deterioração. Há preocupações no governo e na comunidade olímpica de que essa condição precária do legado físico possa comprometer os planos do Brasil de sediar os Jogos Pan-Americanos e Parapan-Americanos em 2031, para os quais Rio de Janeiro e Niterói já apresentaram candidatura. O custo total para a construção do complexo, entre 2004 e 2016, foi de aproximadamente R$ 900 milhões, em valores não atualizados.

Resposta do Ministério do Esporte

Em nota oficial, o Ministério do Esporte declarou que está “aguardando a sanção do orçamento de 2025”. A pasta informou que, com a nova realidade orçamentária, buscará repactuar a manutenção dos equipamentos com o Ministério da Defesa. No entanto, o Ministério não detalhou os impactos específicos da paralisação do complexo em treinamentos e competições. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) confirmou estar em conversas com o governo para que as instalações retornem à operação normal.

Histórico dos Acordos e Cortes Orçamentários

Os acordos de cooperação entre o Ministério do esporte e o Exército, que estavam em vigor há cerca de uma década com prorrogações sucessivas, venceram em janeiro e fevereiro deste ano. O principal acordo, firmado em fevereiro de 2017, foi assinado pelo então comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, e pelo ministro Leonardo Picciani. A decisão de não renovar esses acordos foi tomada pela gestão do ministro André Fufuca e foi comunicada em maio de 2024 por meio de um ofício. O documento sinalizava a impossibilidade de prorrogação dos acordos na conjuntura orçamentária atual.

A verba destinada à “gestão e manutenção do legado olímpico e paralímpico” sofreu cortes significativos sob a gestão de Lula. Para 2025, estão previstos apenas R$ 10 milhões, um valor consideravelmente inferior à média de R$ 35,2 milhões observada nos exercícios anteriores. Essa redução, combinada com o fim dos acordos formais, agrava a situação, especialmente no Parque Olímpico de Deodoro, administrado pelo Exército.

Impacto no Esporte Brasileiro

O encerramento das atividades nos equipamentos de Deodoro, oficializado em 27 de fevereiro via ofícios do Exército, afeta cerca de 80 eventos sociais e esportivos que estavam agendados para este ano. A Confederação Brasileira de Tiro Esportivo (CBTE) classificou a decisão como “irrazoável e incompreensível”, alertando para um dano severo à história esportiva do Brasil e ao uso de recursos públicos. A Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu Olímpico (CBJJO) também lamentou o fechamento da Arena Wenceslau Malta, principal local de treinamentos e competições da entidade.

O Comitê Olímpico Brasileiro (COB), por meio de seu presidente Marco La Porta, reiterou seu compromisso em buscar soluções e mediar as pontas para garantir que as instalações voltem a operar. O COB aprovou recentemente a candidatura conjunta do Rio de Janeiro e Niterói para os Jogos Pan-Americanos e Parapan-Americanos de 2031, e o fechamento dessas instalações pode impactar negativamente essa candidatura.

Análise Política e Orçamentária

O corte de verbas para o legado olímpico contrasta com a distribuição de convênios pelo Ministério do Esporte. Desde setembro de 2023, o Maranhão, estado base do ministro André Fufuca, recebeu R$ 148 milhões em convênios, sendo a quarta unidade da federação mais contemplada. Essa situação levanta questionamentos sobre a alocação de recursos e prioridades da pasta, especialmente em um momento em que instalações esportivas de grande importância correm o risco de abandono.

Fonte: Estadão

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