O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em negociações avançadas com o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e bancos privados para estruturar um empréstimo de R$ 20 bilhões destinado a socorrer os Correios. A operação conta com a garantia do Tesouro Nacional e está condicionada à implementação de um plano de reestruturação da empresa, conforme fontes próximas ao processo.
O montante de R$ 20 bilhões, a ser desembolsado entre 2025 e 2026, visa cobrir despesas de capital de giro e os custos associados às medidas de ajuste. Entre elas, estão previstos programas de Demissão voluntária, reformulações no plano de saúde e a renegociação de dívidas pendentes.
Plano de Recuperação e Garantia do Tesouro
O empréstimo em discussão deve assegurar os recursos necessários para este ano, com o valor total ainda em fase de definição. A possibilidade de um aporte complementar do Tesouro Nacional também não está descartada, mas dependerá do espaço fiscal disponível. O plano de reestruturação, que fundamenta a operação de crédito, foi discutido em uma reunião entre os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Esther Dweck (Gestão), Frederico de Siqueira Filho (Comunicações) e representantes do Tesouro Nacional, da PGFN, do Banco do Brasil e da Caixa.
A participação de cada instituição financeira na operação ainda está em aberto. Além do Banco do Brasil e da Caixa, bancos privados como BTG Pactual, Citibank e ABC Brasil, que já atuaram como credores dos Correios em operações anteriores, estão participando das conversas.
Situação Financeira Crítica dos Correios
A urgência na articulação do empréstimo se intensificou após a recente troca na presidência dos Correios. Emmanoel Schmidt Rondon, funcionário de carreira do Banco do Brasil, assumiu o comando com o desafio de conduzir a recuperação da empresa. Sua gestão técnica tem sido vista como um fator que pode viabilizar o plano de saneamento.
O cenário financeiro da empresa é alarmante. Os Correios registraram um prejuízo de R$ 2,64 bilhões no segundo trimestre de 2025, um aumento expressivo em relação aos R$ 553,2 milhões negativos apurados no mesmo período de 2024. No acumulado do primeiro semestre, o rombo chegou a R$ 4,37 bilhões, o triplo do prejuízo registrado no mesmo período do ano anterior.
Renegociação de Dívidas e Medidas de Ajuste
Ao assumir, Rondon priorizou a renegociação de um empréstimo de R$ 1,8 bilhão contraído neste ano junto a um sindicato de bancos liderado por BTG Pactual, Citibank e ABC Brasil. O contrato original possuía cláusulas restritivas que, caso descumpridas, poderiam antecipar a cobrança integral da dívida. O expressivo aumento nos custos com sentenças judiciais no segundo trimestre acionou essa cláusula, levando os bancos a reterem valores a receber, o que por um momento comprometeu o pagamento da folha de salários.
Uma operação emergencial foi concluída para renegociar o contrato, destravar fundos e garantir o cumprimento das obrigações. As novas condições incluem uma taxa de juros mais elevada, mas com a primeira parcela prevista para janeiro de 2026. Com a liquidez de curto prazo assegurada, o foco se volta agora para o plano de reestruturação mais amplo. A expectativa é que, apesar dos vultosos gastos em 2025 e 2026, a partir de 2027 ocorra uma economia significativa nas despesas, que hoje pairam entre R$ 20 bilhões e R$ 25 bilhões anuais.
O plano também prevê o reposicionamento da empresa no mercado e a busca por novas fontes de receita, visando uma melhora no faturamento.
Fonte: Valor Econômico