A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, anunciou nesta terça-feira (14) que o Governo federal iniciará nos próximos dias as negociações para substituir cargos ocupados por indicados de deputados do Centrão que votaram contra as pautas do Executivo. O diálogo envolverá o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e as lideranças partidárias.

Uma primeira conversa entre Gleisi Hoffmann e Hugo Motta já ocorreu. No entanto, o alinhamento com os líderes na Câmara é crucial para mapear o interesse de cada partido em assumir as posições. O objetivo é realocar os cargos desocupados para indicações de parlamentares que demonstrem maior fidelidade ao governo, fortalecendo a base aliada no Congresso.
Segundo a ministra, não há urgência para concretizar todas as mudanças, mas novas nomeações podem ocorrer já na próxima semana. A gestão das Relações Institucionais busca otimizar o apoio político no Legislativo.

Reunião com Arthur Lira e Cenário Orçamentário
O ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também se reuniu com Gleisi Hoffmann. A ministra negou que a conversa tenha sido em nome do Centrão e destacou a contribuição de Lira para o governo, especialmente na votação do projeto de isenção do imposto de renda. A indicação de Lira para a presidência da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, foi mantida.
Gleisi Hoffmann ressaltou que o governo está atento a votações importantes no Congresso, como a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). A aprovação da LDO é considerada fundamental não apenas para o Executivo, mas também para os parlamentares, que dependem do Orçamento para suas bases eleitorais e projetos.
A análise da LDO na Comissão Mista de Orçamento (CMO) foi adiada a pedido do governo. A medida visa encontrar alternativas para compensar a perda de R$ 35 bilhões que seriam arrecadados com a aprovação de uma medida provisória anteriormente.
Apoio Político para 2026 e Repercussões
A recomposição da base aliada é vista por governistas como um movimento estratégico para garantir o apoio dos partidos ao governo Lula em 2026. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), indicou que o Congresso já está em “modo 2026”.
Guimarães defende que o Planalto priorize as pautas essenciais para o governo até o final do ano, concentrando esforços nas matérias que dependem diretamente do Congresso. A agenda será definida em conjunto com Gleisi Hoffmann.
O líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), considera que a exoneração de cargos ligados a deputados dissidentes fortalece o governo, permitindo a alocação de posições para aliados mais fiéis. Contudo, ele reconhece a necessidade de apoio parlamentar para a aprovação de questões orçamentárias cruciais, como a LDO e o orçamento.
Reservadamente, alguns parlamentares que perderam indicações expressam descontentamento, alertando que a estratégia pode dificultar a governabilidade. Um deputado anônimo classificou a medida como um “erro gigante” que pode inviabilizar o governo sem o apoio da maioria na Câmara. Ainda assim, há um apelo pela reabertura do diálogo.
Fonte: G1