A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, criticou a postura do presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmando que ele “deixou a desejar” por não considerar os indicadores econômicos do governo para a redução da taxa de juros. “Eu acho que deixou a desejar, entendeu? O Galípolo. Deixou a desejar”, declarou Gleisi em Entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast. A declaração surge após o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC manter a Taxa Selic em 15% ao ano pela terceira vez consecutiva, uma decisão que gerou insatisfação no Governo.
Pressão por corte da Selic e crítica à política monetária
Gleisi Hoffmann argumentou que os indicadores econômicos atuais, como o crescimento do Brasil, a geração de empregos e a inflação sob controle, não justificam a manutenção de uma taxa de juros tão elevada. Ela ressaltou que a inflação está se aproximando da meta e que a política monetária restritiva impacta negativamente a indústria, o crédito e o crescimento do país. “Para que continuar com uma política monetária tão restritiva? Isso tem impacto na nossa indústria, no crédito, no crescimento do País. Para que isso? Nós estamos nos autopunindo? É só para entender”, questionou a ministra, que considerou o juro real de quase 10% um “absurdo sem paralelo no mundo”. A ministra frisou que, embora o BC seja uma instituição independente, é necessário “fazer pressão” e não deixar que apenas o mercado influencie as decisões.
Debate sobre Reforma Administrativa e Relação com o Congresso
Em outro ponto da Entrevista, Gleisi abordou a discussão sobre a reforma administrativa, considerando “difícil” sua aprovação pelo Congresso até o final de 2026, devido às eleições e à forte mobilização das categorias do serviço público. Ela destacou que pontos como supersalários e penduricalhos em todos os Poderes deveriam ser prioridades. Gleisi também comentou a relação do governo com o Congresso, classificando-a como “excelente” após a aprovação consensual da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Ela mencionou que o governo reorganizou a base de apoio, retirando cargos de parlamentares que votaram contra matérias importantes para o Executivo, como a MP 1.303, e ressaltou a importância de liberar emendas para garantir o apoio parlamentar.
Posicionamento sobre tributação e segurança pública
A ministra também defendeu a taxação de apostas esportivas (bets), fintechs e o aumento da tributação sobre Juros sobre Capital Próprio (JCP), argumentando que essas medidas são importantes não só para a arrecadação, mas também para a justiça tributária. Ela criticou a tributação de 12% sobre as bets e defendeu que fintechs paguem impostos como os bancos. Sobre segurança pública, Gleisi Hoffmann criticou a abordagem de operações policiais que colocam em risco vidas inocentes e defendeu ações integradas com inteligência, planejamento e foco no combate ao financiamento do crime organizado, como a operação “Carbono Oculto”.
Fonte: Estadão