Big Techs: IA impulsiona gastos bilionários, mas mercado reage com cautela

Big techs Google, Meta e Microsoft aumentam gastos em IA, mas mercado reage de forma diferente. Entenda os impactos e as projeções para o futuro.
gastos em IA big techs — foto ilustrativa gastos em IA big techs — foto ilustrativa

As gigantes da tecnologia, Google, Meta e Microsoft, destinaram quase US$ 80 bilhões no último trimestre para infraestrutura de Inteligência Artificial (IA). No entanto, o mercado financeiro demonstrou Reações divergentes aos planos anunciados pelas empresas.

A Alphabet, controladora do Google, viu suas ações subirem cerca de 3% após anunciar um aumento de US$ 8 bilhões em seus investimentos para 2025, totalizando US$ 93 bilhões, em meio a uma receita Recorde de US$ 100 bilhões no terceiro trimestre.

Gráfico de investimento em tecnologia
Investimento em infraestrutura de IA pelas big techs.

Por outro lado, a Meta registrou uma queda expressiva de 12,6%, perdendo US$ 240 bilhões em Valor de mercado. A empresa de Mark Zuckerberg sinalizou investimentos ainda mais elevados em IA, podendo ultrapassar os US$ 100 bilhões no próximo ano.

Essa disparidade nas reações do Mercado, segundo Dec Mullarkey, diretor-gerente da SLC Management, ressalta a sensibilidade dos investidores à velocidade com que a construção da IA pode se traduzir em receita. “Os investidores estão preocupados que a busca para conquistar a liderança de mercado possa causar um excesso”, afirmou, lembrando de episódios passados de exuberância tecnológica.

Microsoft e o Impulso da Nuvem Azure

A Microsoft, que recentemente ultrapassou os US$ 4 trilhões em valor de mercado, também enfrentou uma queda de 1,4% em suas ações. Apesar de superar as estimativas de lucro, a empresa registrou um salto de 39% na receita de sua unidade de computação em nuvem, Azure.

Os gastos de capital da Microsoft totalizaram US$ 35 bilhões no trimestre, um aumento de 74% em relação ao ano anterior. A companhia prevê gastos de quase US$ 140 bilhões para o próximo ano, com o CEO Satya Nadella afirmando que a empresa está construindo infraestrutura de nuvem em “escala planetária” e planeja dobrar a presença de data centers nos próximos dois anos.

Servidores de data center da Microsoft
Data centers da Microsoft expandem capacidade para IA.

Google e a Integração da IA em Negócios Existentes

O Google e a Microsoft, ao venderem computação em nuvem para outras empresas, demonstraram maior facilidade em convencer os investidores de que os altos gastos com chips e infraestrutura gerarão receitas futuras.

O CEO do Google, Sundar Pichai, destacou que o Gemini App, seu principal produto de IA para consumidores, alcançou 650 milhões de usuários mensais, aproximando-se do ChatGPT. Além disso, Pichai mencionou que o crescimento na unidade de nuvem da empresa foi impulsionado por produtos de IA empresarial, que geram bilhões em receitas trimestrais e possuem uma carteira de pedidos de US$ 155 bilhões.

O aumento de 15% na receita de publicidade também dissipou dúvidas sobre a canibalização da busca tradicional pela IA. Angelo Zino, analista da CFRA Research, avaliou que o desempenho demonstra a “integração bem-sucedida da IA em plataformas baseadas em anúncios” e o uso eficaz dos gastos do Google para manter as margens.

Meta: Investimento Massivo em IA e Preocupações do Mercado

Mark Zuckerberg defendeu os investimentos em infraestrutura para uso próprio da Meta na corrida pela superinteligência artificial. Ele afirmou que é “a estratégia certa para antecipar agressivamente a construção de capacidade”, e que qualquer espaço de data center excedente pode ser reaproveitado para as funções de publicidade da Meta.

Apesar do aumento de 26% na receita trimestral da Meta, para US$ 51,2 bilhões, os investidores se preocuparam com os enormes gastos em chips e pessoal. O mercado teme que esses investimentos ainda não tenham produzido um modelo de linguagem tão capaz quanto os concorrentes.

A empresa indicou que os gastos de capital podem atingir US$ 72 bilhões até o final do ano, com um crescimento de despesas significativamente maior em 2026. Zuckerberg também tem atraído engenheiros de elite para seu laboratório “TBD” com pacotes de remuneração na casa das centenas de milhões de dólares, o que a Meta alertou que impactará as despesas.

Os investidores demonstraram decepção com o aumento dos custos de pesquisa e desenvolvimento, que representaram 30% da receita, o nível mais alto em mais de dois anos. A margem operacional da Meta diminuiu 3 pontos percentuais, para 40%.

Gene Munster, da Deepwater Asset Management, previu que as despesas da Meta estão crescendo mais rápido que a receita, com um crescimento de despesas estimado em 35% para o próximo ano, contra 18% de receita.

A Meta divulgou uma cobrança única de US$ 15 bilhões relacionada a mudanças na lei tributária, o que reduziu o lucro líquido em 83%. A empresa indicou que seus esforços em IA não gerarão receita significativa em 2025 ou 2026. Zuckerberg prometeu, contudo, que sua nova equipe de superinteligência focará em trabalho “inovador” aplicável aos 3,5 bilhões de usuários do Facebook, WhatsApp e Instagram, com potencial de monetização através de publicidade, comércio ou assinaturas.

Investidores temem que a busca de Zuckerberg pela IA avançada esteja desconectada do negócio principal da Meta, apesar de sua insistência em que pode melhorar a classificação de anúncios e recomendações. Brian Wieser, analista da Madison and Wall, observou que Google e Microsoft “estão fazendo muito mais do ponto de vista tecnológico. O negócio real da Meta é vender anúncios.”

Fonte: Folha de S.Paulo

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