O deputado distrital Gabriel Magno (PT) solicitou ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) que investigue a doação de um Fusca avaliado em R$ 70 mil ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). O presente foi feito pelo empresário Fernando Cavalcanti, que na época era vice-presidente do escritório de advocacia Nelson Willians, contratado pelo BRB, banco estatal. Cavalcanti admitiu a doação durante depoimento à CPI do INSS.
O escritório Nelson Willians Advogados foi contratado pelo BRB para atuar em diversos Estados a partir de 2024. Informações obtidas indicam que 52 advogados da firma estão autorizados a representar o banco estatal judicialmente até o final de 2025. O dono do escritório, Nelson Wilians, emitiu procurações em nome do banco em fevereiro deste ano.
Suspeitas de Favorecimento e Tráfico de Influência
Gabriel Magno argumenta que a aceitação de um presente de alto valor por parte do governador, de um empresário cujo escritório possui contrato com um banco estatal, sugere que relações pessoais podem estar interferindo na gestão pública. O deputado levanta a possibilidade de um ambiente propício ao favorecimento e ao tráfico de influência, o que comprometeria a imparcialidade e a probidade da administração.
O parlamentar solicitou ao MPDFT que apure se houve favorecimento e qualquer ato que possa configurar tráfico de influência ou outros ilícitos. A doação ocorreu em abril, enquanto o contrato entre o BRB e o escritório de advocacia estava ativo. Cavalcanti deixou o escritório no mês seguinte, em maio.
Declarações e Investigações Anteriores
Fernando Cavalcanti confirmou a doação em depoimento à CPI do INSS, afirmando que Ibaneis Rocha é um amigo e um excelente gestor. Ele declarou ter total tranquilidade em ter feito o presente ao governador, que, por sua vez, afirmou que declarará o veículo em seu imposto de renda no próximo ano. Em setembro, bens do empresário, incluindo uma réplica de carro de Fórmula 1 e relógios de luxo, foram apreendidos pela Polícia Federal. O escritório Nelson Wilians é investigado por suspeitas de lavagem de dinheiro em fraudes contra o INSS. Cavalcanti negou qualquer irregularidade, afirmando que sua atuação sempre foi como gestor e que os pagamentos recebidos eram compatíveis com suas funções empresariais.
O governador Ibaneis Rocha e o BRB foram procurados para comentar o caso, mas não responderam até o momento da publicação. O caso levanta questões importantes sobre a ética na administração pública e a relação entre empresários e gestores de órgãos estatais.
Fonte: Estadão
