O setor hoteleiro brasileiro atravessa um período de prosperidade sem precedentes, com as diárias atingindo seu patamar mais elevado e a ocupação em níveis recordes. Essa recuperação financeira, impulsionada por uma demanda crescente que supera a oferta, tem atraído investidores, resultando em uma onda inédita de fusões e aquisições. A perspectiva de crescimento sustentado até 2030 é um fator chave para o otimismo do mercado.
O Cenário Inédito de Transações Hoteleiras
Em quatro décadas de acompanhamento da indústria, o diretor da JLL, Ricardo Mader, afirma nunca ter presenciado um volume tão expressivo de transações hoteleiras. A consultoria já intermediou quatro vendas neste ano e tem mais três em negociação, evidenciando a efervescência do mercado. A confiança na sustentabilidade desse crescimento se baseia no desequilíbrio atual: enquanto a procura por hospedagens avança, novos projetos de empreendimentos hoteleiros são escassos.
Os dados compilados pela JLL revelam um aumento significativo na diária média, que alcançou R$ 476,7 no último ano, o maior valor registrado desde 2004. Paralelamente, a taxa de ocupação tem se mantido forte, com uma média de 61,1%, aproximando-se do Recorde de 69,5% de 2011. Um dos indicadores mais relevantes para o setor de negócios é a recuperação da saúde financeira, com a margem bruta de operação (GOP) atingindo um patamar recorde de 44,7%, segundo a JLL.
Perspectivas Otimistas para o Setor Hoteleiro até 2030
A consultoria JLL projeta que os indicadores positivos devem se manter até o final da década. Ricardo Mader estima que, até 2030, a oferta de leitos crescerá apenas 1%, enquanto a demanda apresentará uma expansão superior ao Produto Interno Bruto (PIB). Esse cenário de demanda aquecida e oferta restrita favorece a rentabilidade e o valor dos empreendimentos hoteleiros.
O bom momento vivenciado pelo setor hoteleiro brasileiro é um reflexo da recuperação global das viagens no pós-pandemia, com destaque especial para o segmento corporativo. O Brasil tem se posicionado como um polo de atratividade para redes internacionais, com hotéis locais exibindo um desempenho notável no cenário global.
Investidores de Peso Entram no Mercado Brasileiro
Essa conjuntura favorável tem atraído investidores de grande porte. O BTG foi o pivô de uma das maiores transações recentes, adquirindo 18 hotéis da Accor por quase R$ 2 bilhões, incluindo unidades de bandeiras como Ibis e Novotel, além do Fairmont, em Copacabana. A Brookfield, outro gigante global, também demonstrou interesse em expandir sua atuação no segmento hoteleiro brasileiro.
O setor de incorporadoras também tem se movimentado ativamente. A Even realizou a venda do Hotel Faena por R$ 419 milhões, enquanto a gestora HSI adquiriu o icônico JW Marriott SP por mais de R$ 300 milhões e o InterContinental São Paulo por R$ 150 milhões. A HBR Realty, por sua vez, vendeu o Hilton Garden INN para a CVpar por R$ 110 milhões, como parte de sua estratégia de desinvestimento de ativos.
O grupo hoteleiro Nacional INN, um dos cinco maiores do país em número de quartos, também ampliou seu portfólio, somando mais de 80 empreendimentos. Essa intensa atividade de compra e venda reflete o reconhecimento dos investidores sobre as oportunidades promissoras no mercado hoteleiro nacional.
Fonte: Estadão