Furacão Melissa: Jamaica aciona título de US$ 150 milhões para socorro

Investidores do título catastrófico da Jamaica agora enfrentam um evento de gatilho total que forçaria o pagamento integral do título de US$ 150 milhões para ajudar a ilha a lidar com as consequências do furacão Melissa. É o que afirma Florian Steiger, presidente-executivo da Icosa Investments AG, empresa especializada em estratégias alternativas de renda fixa.

Pagamento Integral do Cat Bond da Jamaica

“Esperamos que o título catastrófico pague integralmente ou pelo menos perto disso”, disse Steiger à Bloomberg.

O título catastrófico da Jamaica, organizado pelo Banco Mundial, foi projetado para fornecer fundos em eventos climáticos extremos. A última vez que um cat bond foi pago integralmente foi em conexão com o furacão Ian em 2022, quando vários títulos sofreram perda total do principal.

No ano passado, a Jamaica quase não teve cobertura de seu cat bond após o furacão Beryl, pois a pressão atmosférica necessária para o pagamento não foi atingida, apesar de o primeiro-ministro ter declarado a ilha área de desastre.

Furacão Melissa: Impacto e Estimativas de Perda

O furacão Melissa se tornou a primeira tempestade de categoria 5 registrada a atingir a Jamaica, chegando à costa nesta terça-feira com ventos máximos sustentados estimados em 298 quilômetros por hora. A tempestade coloca em risco moradores e cerca de 25 mil turistas na ilha.

As perdas causadas pelo furacão Melissa podem ficar abaixo das estimativas iniciais de US$ 16 bilhões, segundo Chuck Watson, modelador de desastres da Enki Research. Ele agora estima que as perdas chegarão a US$ 6,5 bilhões, comparável ao impacto do furacão Gilbert em 1988.

Monitoramento do Banco Mundial e Mercado de Cat Bonds

Um porta-voz do Banco Mundial afirmou que o banco está monitorando a situação e que o título de catástrofe da Jamaica inclui gatilhos paramétricos baseados nas características da tempestade. O Banco Mundial fornecerá atualizações assim que disponíveis.

A crescente dependência mundial dos mercados de capitais para lidar com eventos como este coincide com um aumento acentuado nos Custos de catástrofes naturais. As perdas seguradas ligadas a eventos climáticos extremos devem ultrapassar US$ 150 bilhões este ano. O mercado de títulos de catástrofe cresceu mais de 50% desde 2023, atingindo US$ 55 bilhões.

A Jamaica é o terceiro país mais exposto a catástrofes naturais, segundo o Banco Mundial. Seus títulos de catástrofe estão no topo de sua estratégia de seguros contra eventos extremos.

O furacão Melissa está entre “os furacões atlânticos mais intensos já observados”, destacou a Icosa em publicação no LinkedIn. “O custo humano e os danos físicos serão graves, com os esforços de recuperação exigindo apoio internacional significativo.”

Com o pagamento integral do título de catástrofe, “espera-se que traga fundos de ajuda rápida para as comunidades mais afetadas”, disse Steiger.

Como Funcionam os Títulos de Catástrofe

Os títulos de catástrofe permitem que emissores transfiram parte de seu risco para os mercados de capitais. As vendas desses instrumentos dispararam devido ao aumento do risco de exposição imobiliária, inflação e mudanças climáticas. Os investidores podem ter perdas significativas se um título for acionado, mas também podem gerar retornos expressivos se a catástrofe predefinida não ocorrer.

Mesmo um pagamento integral de US$ 150 milhões do título de catástrofe da Jamaica provavelmente não terá um grande impacto nas carteiras dos investidores, pois representa uma pequena parcela do Mercado de US$ 55 bilhões. Os títulos de catástrofe têm apresentado retornos recordes desde 2023, com retornos atuais de 10%, segundo o Swiss Re Cat Bond Total Return Index.

Fonte: Valor Econômico