Um empresário investigado pela Polícia Federal (PF) por supostas fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), José Lins de Alencar Neto, movimentou R$ 4,4 milhões em dois meses. Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) indicam suspeitas de lavagem de dinheiro. O documento foi enviado à CPI do INSS e obtido pela Coluna do Estadão.
Procurado, Neto não respondeu. O espaço segue aberto a eventuais manifestações.
O empresário é apontado como ex-dono de duas entidades sob investigação: Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (AAPEN) e Associação dos Aposentados e Pensionistas Brasileiros (AAPB). A advogada Cecília Rodrigues Mota, também investigada pela PF, dirigiu ambas as associações.
Conforme noticiado anteriormente, Cecília Rodrigues Mota movimentou R$ 10 milhões em Transferências incompatíveis com seu patrimônio. Ela já havia sido alertada sobre suspeitas de lavagem de dinheiro, segundo o Coaf.
Períodos Analisados pelo Coaf
O Coaf analisou a conta bancária do empresário em julho e outubro de 2024. Em julho, Neto movimentou R$ 1,8 milhão. No mês seguinte, os valores somaram R$ 2,6 milhões.
“As movimentações financeiras realizadas pelo cliente podem ser caracterizadas, em tese, como indícios de lavagem de dinheiro, considerando o número expressivo de transações a crédito e a débito e o valor total movimentado, que no período em análise ultrapassa notavelmente a sua capacidade financeira”, aponta o relatório.
O documento também destaca que Neto realizou “movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, a atividade econômica ou a ocupação profissional e a capacidade financeira”.
Recursos Bloqueados pela Justiça
Em junho, a Justiça Federal bloqueou R$ 191,2 milhões de José Lins de Alencar Neto, Cecília Rodrigues Mota e outros três investigados. A ação judicial foi solicitada pela Advocacia-Geral da União (AGU) e refere-se à atuação na Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB).
Segundo a AGU, Neto e outros antigos dirigentes da entidade tiveram um “papel decisivo nos atos ilícitos” e utilizaram a associação para “encobrir e dissimular a prática dos atos ilícitos”.
A Controladoria-Geral da União (CGU) verificou que a AAPB possui 173,2 mil membros em 4,2 mil cidades, mas conta com apenas uma estrutura física em Fortaleza, considerada insuficiente para a atuação.
Fonte: Estadão