Marcos Lisboa: Brasil é frágil e ignora tecnologia; entenda os riscos

Marcos Lisboa aponta fragilidade estrutural do Brasil e a falta de foco em tecnologia. Entenda os riscos e as propostas para o crescimento.
fragilidade estrutural Brasil tecnologia — foto ilustrativa fragilidade estrutural Brasil tecnologia — foto ilustrativa

O economista Marcos Lisboa alertou para a fragilidade estrutural da economia brasileira em um cenário global de mudanças rápidas. Em Entrevista ao Outliers Infomoney, Lisboa destacou que o Brasil é mais suscetível a crises internacionais devido à baixa produtividade, instabilidade e falta de planejamento de longo prazo.

“O Brasil é frágil. Mudanças no mundo nos atingem mais. Poderíamos sofrer menos, mas a média do comportamento brasileiro mostra volatilidade extrema. Quando vem a crise, a queda do PIB é alta e frequente”, declarou o economista.

Lisboa criticou a Falta de um debate público maduro sobre questões estruturais e defendeu o fim de privilégios setoriais e subsídios ineficientes. Ele sugeriu uma revisão profunda das políticas de incentivo, questionando a necessidade de entidades como o BNDES, Banco do Nordeste e a Zona Franca de Manaus, além de programas de subsídios regionais.

A influência de demandas de grupos privados e servidores públicos sobre as decisões governamentais foi apontada como um fator que impede o desenvolvimento nacional, perpetuando um crescimento medíocre, comparável a outros países latino-americanos.

Produtividade e Inovação como Chave para o Crescimento

Em discussão apresentada por Clara Sodré e Fabiano Cintra, Marcos Lisboa ressaltou a urgência em repensar a agenda de produtividade e inovação no Brasil. Ele observou que, apesar do potencial para avanço tecnológico, a cultura empresarial brasileira ainda demonstra resistência em investir em ciência e assumir riscos.

“Investir em tecnologia é apoiar ciência, inovação e empreender. Queremos salvar pequenas empresas, mas não incentivar quem acerta”, lamentou o economista.

A conversa abordou a necessidade de alinhar políticas públicas com responsabilidade fiscal e competitividade global. Para Lisboa, o debate sobre produtividade é inseparável da busca por estabilidade macroeconômica, defendendo políticas que priorizem a eficiência e a meritocracia em vez do protecionismo.

A lentidão em adaptar políticas públicas à nova economia faz com que o Brasil perca oportunidades que outras nações emergentes têm aproveitado.

O Papel da Tecnologia e da Inteligência Artificial

Lisboa também analisou o impacto da Inteligência Artificial (IA), prevendo que a tecnologia pode alterar significativamente o acesso à informação e o equilíbrio social.

“Quem não leu quase nada (de livros), com perguntas simples no computador (por IA), vai ter uma informação tão sofisticada quanto eu demorei 50 anos da minha vida para acumular”, exemplificou.

Apesar de reconhecer o potencial transformador da IA, o economista criticou interpretações apocalípticas e defendeu um olhar mais realista sobre suas consequências. Ele concluiu que as mudanças tecnológicas exigirão políticas mais inteligentes, focadas na qualificação e adaptação do trabalhador.

O Cenário Global: Ouro, China e Desconfiança

Lisboa interpretou a recente valorização do ouro e de outras commodities como um sinal de crescente desconfiança na economia global.

“Quando o preço desses ativos sobe, é sinal de que as expectativas sobre o futuro estão piores”, explicou.

Ele destacou o reposicionamento da China, que tem reduzido a compra de títulos da dívida americana e aumentado suas reservas em ouro. “O mundo vai usar outras formas de reserva de valor, vai criar outros termos de transacionamento entre os países”, alertou.

O economista citou também que a influência de grupos privados e servidores públicos pode travar o desenvolvimento nacional, mantendo o país em um patamar de baixo crescimento.

Fonte: InfoMoney

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