O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para cima a projeção de crescimento da economia brasileira para 2025, antecipando uma expansão de 2,4%, um aumento de 0,1 ponto percentual em relação às estimativas de julho. Contudo, o relatório divulgado nesta terça-feira (14) aponta para uma desaceleração mais acentuada em 2026, com a projeção reduzida para 1,9%, uma queda de 0,2 ponto percentual. O FMI justifica essas projeções pela persistência de políticas monetária e fiscal apertadas no Brasil, além do impacto de tarifas impostas pelos Estados Unidos.

A previsão do FMI para o crescimento do PIB brasileiro em 2025 supera ligeiramente a estimativa do Governo federal, que projeta 2,3%. Para 2026, a projeção do Ministério da Fazenda é mais otimista, com uma expectativa de crescimento de 2,4%.

Contexto Econômico Brasileiro e Políticas de Juros
No segundo trimestre, a atividade econômica brasileira registrou um crescimento de 0,4% em comparação com o trimestre anterior, confirmando um cenário de enfraquecimento diante da política monetária restritiva. O Banco Central manteve a taxa Selic em 15%, um nível considerado restritivo, indicando a necessidade de manter os juros altos por um período prolongado para atingir as metas de inflação.
O FMI projeta uma inflação média anual de 5,2% para o Brasil em 2025, com expectativa de queda para 4,0% em 2026. O centro da meta oficial de inflação é de 3,0%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. O Fundo também sinaliza um aumento significativo na dívida pública brasileira como proporção do PIB em 2025, colocando o país ao lado de nações como China, França e Estados Unidos.
Impacto das Tarifas e Relações Internacionais
Em agosto, a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos por Donald Trump adicionou uma camada de complexidade ao cenário econômico. Embora alguns produtos tenham sido posteriormente isentos, a medida gerou incertezas na política comercial. Recentes conversas entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump indicam esforços diplomáticos para mitigar os efeitos dessas tarifas, com expectativa de um futuro encontro.

Perspectivas para Mercados Emergentes e América Latina
O FMI ajustou a perspectiva de crescimento para as Economias de Mercados Emergentes e em Desenvolvimento, elevando a projeção para 4,2% em 2025 e mantendo 4,0% para 2026. Essa melhora é atribuída, em parte, à produção agrícola Recorde no Brasil e à resiliência da demanda doméstica em outros países. Contudo, o relatório alerta para o endurecimento das condições externas, incluindo tarifas mais altas e incerteza na política comercial, que podem afetar o investimento empresarial.
Na América Latina e Caribe, o FMI prevê um crescimento de 2,4% em 2025 e 2,3% em 2026, com uma revisão para cima na projeção do México. A região também enfrenta desafios relacionados ao espaço fiscal restrito, limitando a capacidade de estímulo à demanda doméstica.
Fonte: G1