Florestas Brasileiras: Chave Climática Global e Potencial Econômico

Florestas do Brasil são cruciais para a agenda climática global. Descubra o papel central, o potencial econômico e os desafios do país.
Florestas do Brasil — foto ilustrativa Florestas do Brasil — foto ilustrativa

As florestas do Brasil desempenham um papel central na agenda climática global. Elas são cruciais para o armazenamento de vastos estoques de carbono, a regulação de chuvas e ciclos hídricos, e abrigam uma das maiores biodiversidades do planeta. Através de empreendimentos de restauração e silvicultura, as florestas brasileiras também removem carbono da atmosfera, contribuindo significativamente para a meta climática.

Com aproximadamente 500 milhões de hectares de florestas nativas, o Brasil detém quase 60% de seu território e mais de 12% do total mundial de florestas. O país possui o maior maciço de florestas nativas tropicais úmidas do mundo, além de outras formações em biomas como o Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampas. Adicionalmente, o Brasil é referência global em silvicultura de florestas plantadas, especialmente com espécies exóticas de alta produtividade, impulsionando o Desenvolvimento social e econômico. O setor de restauração florestal também tem ganhado espaço, aproveitando as oportunidades do mercado de carbono.

Essa diversidade de cobertura florestal constitui o que chamamos de contínuo florestal, englobando florestas nativas conservadas (públicas e privadas), atividades de restauração com espécies nativas e a silvicultura de espécies nativas e exóticas para fins ecológicos e industriais. Sistemas agroflorestais, que combinam florestas com produção de alimentos, fibras e energia, também fazem parte desse contínuo. O Brasil lidera em tecnologias de monitoramento do uso da terra, conservação, restauração e plantio, com agregação de valor industrial na silvicultura, posicionando-se entre os mais competitivos globalmente.

Conservação e Políticas Públicas no Brasil

O Brasil detém a maior área absoluta de áreas protegidas do planeta, com programas de conservação consolidados e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), respeitado internacionalmente. O país tem liderado iniciativas de pagamento por desmatamento evitado, como o Fundo Amazônia e o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). Destaca-se também nas políticas de combate ao desmatamento, com o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm). A conservação das florestas nativas está intrinsecamente ligada à presença dos povos originários, guardiões dessas áreas, e protegida por um marco legal que assegura as terras indígenas. Em terras privadas, o Código Florestal brasileiro é um modelo global de conservação, garantindo áreas de proteção permanente e reservas florestais.

Liderança Brasileira em Restauração e Silvicultura

As vantagens brasileiras na área florestal são extensas. Nos últimos anos, o país tem protagonizado a restauração florestal com espécies nativas, impulsionada pela sinergia entre o setor financeiro e operadores profissionais. Na silvicultura de espécies exóticas, o Brasil lidera mundialmente as exportações de celulose, com operações tecnologicamente avançadas e economicamente robustas. A domesticação de espécies como eucalipto e pinus é reconhecida mundialmente, e os modelos de produção atendem aos mais exigentes sistemas de certificação.

Em suma, o Brasil possui condições naturais, geográficas, excelência acadêmica em ecologia, manejo e silvicultura, e um arcabouço de políticas públicas institucionalizadas que permitem almejar uma participação ainda maior do setor florestal. As formações florestais brasileiras abrigam um estoque de carbono de cerca de 218 gigatoneladas de CO2e, o maior do planeta, representando cerca de 15% do total mundial. A Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil depende fortemente das florestas; um forte controle do desmatamento permitirá a exportação de carbono florestal excedente para atingir as metas estabelecidas.

Desafios e Oportunidades Futuras

Para expandir esse estoque de carbono, o Brasil precisa de uma combinação de esforços: redução drástica do desmatamento e aumento das atividades de restauração florestal com espécies nativas e silvicultura. Existem desafios relevantes, mapeados e em processo de implementação por diversos atores, enquanto iniciativas empresariais, muitas pré-competitivas, se fortalecem nas variadas tipologias do contínuo florestal.

O país tem o potencial de liderar internacionalmente a formatação de um Mercado de carbono florestal, que contemple a exportação de créditos, tornando as florestas uma classe de ativos consolidada. O agronegócio, detentor de extensas áreas privadas sob conservação, poderia liderar a associação do capital natural e dos serviços ecossistêmicos com as demandas globais de segurança alimentar e energética. Florestas, aliadas à agenda climática, são instrumentos fundamentais de desenvolvimento econômico, integrando demandas sociais e ambientais.

*Enviado especial de Florestas da COP30. Co-fundador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e coordenador do Amazônia 2030.

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Imagem ilustrativa do ambiente online.

Fonte: Estadão

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