Estado Novo: Fim da Ditadura de Vargas Há 80 Anos; Veja Cronologia

Entenda o fim do Estado Novo, a ditadura de Getúlio Vargas, há 80 anos. Veja a cronologia detalhada dos eventos que marcaram o período e o encerramento do regime.
Estado Novo — foto ilustrativa Estado Novo — foto ilustrativa

O Brasil viveu sob a ditadura do Estado Novo, liderada por Getúlio Vargas, de 1937 a 1945. Este período foi marcado por intensas transformações no país, incluindo a urbanização, a industrialização e o surgimento de uma classe operária politicamente ativa. Paralelamente, o regime perseguiu, torturou e matou opositores.

Em setembro de 1937, um documento forjado que acusava judeus e comunistas de planejar uma tomada de poder começou a circular. Dois meses depois, Getúlio Vargas anunciou o fechamento do Congresso, o cancelamento das eleições e a imposição de uma nova Constituição, dando início ao Estado Novo. A ditadura foi encerrada em 29 de outubro de 1945.

Medidas autoritárias já estavam em vigor desde 1935, com a Intentona Comunista. Vargas implementou emendas e decretos que expandiram o poder presidencial. Em 1936, o Tribunal de Segurança Nacional (TSN) foi criado para julgar opositores, e o país vivia em estado de sítio. Prisões e torturas de opositores eram comuns, como no caso do americano Victor Barron em 1936, que foi torturado e forçado a pular da janela do DOPS no Rio de Janeiro, com a polícia alegando suicídio.

No mesmo ano, com o aval do STF, Olga Benário, esposa grávida de Luís Carlos Prestes, foi deportada para a Alemanha nazista, onde foi assassinada em 1942.

Entre 1930 e 1934, Vargas governou provisoriamente com a Constituição de 1891 suspensa. Em 1934, uma nova Carta foi promulgada e Vargas foi eleito indiretamente.

Início do Estado Novo: 1937

Em 10 de novembro de 1937, Getúlio Vargas anunciou o início do Estado Novo em rede nacional de rádio, alegando que o Brasil estava à beira de uma guerra civil e que a medida era necessária para “reajustar o organismo político às necessidades econômicas do país”. Em 2 de dezembro, todos os partidos políticos foram extintos, e em 4 de dezembro, Vargas queimou as bandeiras Estaduais, restando apenas os símbolos nacionais.

Getúlio Vargas em discurso durante o Estado Novo.
Getúlio Vargas em discurso durante o Estado Novo.

Ataques e Repressão: 1938

Na madrugada de 11 de maio de 1938, um grupo de integralistas atacou o Palácio Guanabara. A revolta foi rapidamente contida. Vargas, então, publicou um decreto que reduzia os prazos para julgamento pelo TSN para apenas cinco dias, intensificando a máquina de repressão.

Contexto Internacional e Censura: 1939

O início da Segunda Guerra Mundial na Europa em setembro de 1939 viu Vargas manter relações com os regimes de Hitler e Mussolini. Havia uma ala favorável ao Eixo no Governo, composta por Filinto Müller, Pedro Aurélio de Góis Monteiro e Eurico Gaspar Dutra. Em dezembro, foi criado o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) para censurar e disseminar a propaganda do regime.

Fachada do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) no Rio de Janeiro.
Fachada do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) no Rio de Janeiro.

Aproximação com o Eixo e Neutralidade: 1940

Em junho de 1940, Vargas discursou a bordo do Encouraçado Minas Gerais, rejeitando o liberalismo e falando em uma nova era guiada por “povos vigorosos”. A fala foi interpretada como uma aproximação ao Eixo, gerando constrangimento diplomático. Dias depois, Vargas assegurou ao governo americano e à imprensa que o discurso não era uma resposta a Roosevelt e que o Brasil manteria sua política de neutralidade na guerra.

Primeiras Agressões: 1941

Em março de 1941, o navio brasileiro Taubaté foi atacado por forças alemãs próximo à costa do Egito. Foi o primeiro de uma série de ataques a embarcações brasileiras, culminando na entrada do país na guerra. José Francisco Fraga, a bordo do Taubaté, foi a primeira vítima brasileira do conflito.

Navio brasileiro sendo atacado durante a Segunda Guerra Mundial.
Navio brasileiro sendo atacado durante a Segunda Guerra Mundial.

Entrada na Guerra: 1942

Sob pressão dos Estados Unidos, Vargas negociou a entrada do Brasil na Segunda Guerra. Em troca de apoio militar, construção da Companhia Siderúrgica Nacional e acordos comerciais, o Brasil permitiu a instalação de uma base militar americana em Natal e enviou soldados à Europa. Embarcações brasileiras continuaram a ser atacadas pelo Eixo. O Brasil respondeu com ataques a submarinos alemães e confisco de bens de cidadãos do Eixo. Em agosto, o Brasil declarou guerra aos países do Eixo.

Soldados brasileiros embarcando para a Segunda Guerra Mundial.
Soldados brasileiros embarcando para a Segunda Guerra Mundial.

Avanço e Redemocratização: 1943-1945

Em janeiro de 1943, a Conferência do Potengi selou o acordo entre Roosevelt e Vargas. Em março, foi criada a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Em outubro, o Manifesto dos Mineiros pediu a redemocratização do país, sendo seus signatários perseguidos.

Em 1944, a FEB desembarcou na Itália. Em fevereiro de 1945, José Américo de Almeida criticou Vargas em entrevista, reanimando os defensores do fim do Estado Novo. Em maio, Vargas anistiou presos políticos, convocou eleições para dezembro e permitiu a organização partidária.

Manifestação do movimento Queremismo, que defendia a permanência de Getúlio Vargas no poder.
Manifestação do movimento Queremismo, que defendia a permanência de Getúlio Vargas no poder.

O Fim do Estado Novo: 1945

O movimento “Queremos Getúlio” (queremismo) propunha a continuidade de Vargas no poder, o que preocupou os militares. Em 29 de outubro de 1945, com o palácio cercado por militares, o ministro da Justiça informou Getúlio que o Exército controlava a situação e pediu sua renúncia para evitar uma derrubada violenta. Vargas cedeu: “Já que é um golpe branco, não serei elemento de perturbação. Diga-lhes que não sou mais presidente da República e desejo retirar-me para meu Estado”. O presidente do STF, José Linhares, assumiu a presidência interinamente, e o Estado Novo chegou ao fim.

Militares em manifestação durante a deposição de Getúlio Vargas em 1945.
Militares em manifestação durante a deposição de Getúlio Vargas em 1945.

Fonte: Folha de S.Paulo

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