A advogada Lia Rachel Pereira, filha do desembargador José James Gomes Pereira do Tribunal de Justiça do Piauí (TJPI), é apontada pelo Ministério Público Federal (MPF) como a figura central na intermediação de um suposto esquema de venda de sentenças em processos agrários. As decisões favoráveis a um grupo de empresários eram supostamente ordenadas em seu gabinete.
Segundo a Procuradoria, Lia Pereira atuava como a principal articuladora, orientando assessores sobre as decisões que deveriam beneficiar empresários específicos. As informações fazem parte de uma investigação que tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Desembargador Afastado e Filha Investigada
A investigação policial já havia solicitado a prisão preventiva do desembargador José James Gomes Pereira por suspeita de recebimento de propina para a venda de sentenças em disputas de terra. Embora o pedido de prisão tenha sido negado pelo ministro Sebastião Reis Júnior, do STJ, o magistrado foi afastado do cargo por um ano.
Lia Rachel Pereira foi alvo de mandados de busca e apreensão em sua residência e escritório em Teresina (PI) em 2 de outubro. O MPF a considera, junto com o pai, como parte do “núcleo um” do suposto grupo criminoso.
Origem da Investigação
A descoberta do suposto esquema teve início com suspeitas de invasão de computador e fraude processual. Um ex-assessor do desembargador foi quem apontou crimes mais graves, como corrupção e organização criminosa.
Depoimentos do ex-funcionário do TJPI revelam que ele mantinha reuniões semanais com a filha do desembargador. Nessas reuniões, recebia orientações sobre andamentos processuais, casos a priorizar e para qual parte conceder decisões favoráveis.
O ex-assessor também reconheceu a caligrafia de Lia Rachel Pereira em documentos com determinações claras, como “ser favorável ao agravante (recorrente)” e “deixar parado”, indicando sua participação direta nas manobras judiciais.
Fonte: Estadão