FIIs de Patamar Elevado: Cota por Imóvel e Diálogo com Institucionais

O Mercado de fundos imobiliários (FIIs) está passando por uma transformação significativa, com investidores profissionais assumindo um papel central. Em um cenário de juros elevados, diversas gestoras estão lançando novas emissões focadas nesse público mais seletivo. Essa mudança indica um avanço estrutural na indústria de FIIs, conforme análise de Flávio Pires, analista de FIIs do Santander.

Novas Emissões Direcionadas a Investidores Profissionais

Em setembro, o FII XPML11 (XP Malls) anunciou sua 13ª emissão de cotas, voltada exclusivamente a investidores profissionais, com expectativa de captação de R$ 207,6 milhões. Seguindo essa tendência, o TRXF11 (TRX Real Estate) abriu sua 12ª emissão, com potencial de movimentar até R$ 3 bilhões, a maior já realizada pelo fundo.

Troca de Cotas por Imóveis: Uma Nova Estratégia

A dinâmica dessas emissões mudou: fundos agora trocam cotas por imóveis, em vez de captar recursos do varejo. Essa estratégia permite a aquisição de portfólios de outros fundos ou ativos imobiliários de investidores institucionais, acelerando o crescimento sem depender da demanda do pequeno investidor. Segundo Pires, as ofertas são estruturadas para essa aquisição direta de ativos.

Preços de Emissão e Análise Institucional

Diferentemente do varejo, que busca ofertas com desconto, os investidores institucionais avaliam o valor patrimonial e o “preço justo” dos ativos. “Para os investidores profissionais a conta é um pouco diferente. Parte busca entrar no valor patrimonial, no preço justo dos ativos. Nesse sentido, no primeiro momento, a cotação em tela é pouco relevante, desde que não tenha uma discrepância significativa”, explica Pires.

Maturidade da Indústria de Fundos Imobiliários

Este movimento sinaliza uma crescente maturidade na indústria de FIIs. Há alguns anos, os fundos dependiam fortemente do entusiasmo do investidor pessoa física. Agora, grandes players os veem como instrumentos eficientes para liquidez e reestruturação patrimonial. O mercado imobiliário está aprendendo a usar os fundos como aliados estratégicos.

O Santander considera este ciclo de emissões um retrato da transição de uma indústria que amadureceu. “Vemos esse momento como importante, pois demonstram a capacidade de crescimento dos patrimônios mesmo em cenários macroeconômicos mais desafiadores. Mas, vale ponderar que algumas aquisições com essas novas ofertas podem não ser positivas para os portfólios dos fundos”, conclui o analista.

Fonte: InfoMoney