Os fundos imobiliários (FIIs) permanecem como uma das principais opções para investidores que buscam renda passiva e dividendos mensais. Com a expectativa de queda na taxa Selic em 2026 e a recuperação gradual do setor, os FIIs voltam a atrair o interesse de quem deseja construir uma carteira com proventos recorrentes.
Maria Giulia Figueiredo, analista de research da Rico, observa: “Com a perspectiva de queda na taxa Selic e desaceleração da inflação, vimos uma recuperação parcial dos preços e do interesse do investidor pelos FIIs”.
A especialista acrescenta que, enquanto os fundos de papel demonstraram maior resiliência, os fundos de tijolo reconquistam atratividade com o reaquecimento do Mercado de locação. Para Figueiredo, o momento exige uma revisão estratégica: “Mais do que buscar quem paga mais, é fundamental entender o momento econômico e as perspectivas futuras para identificar boas oportunidades”.
FIIs vs. Ações: Qual Paga Mais Dividendos?
Diante deste cenário, surge a dúvida comum: FIIs ou ações, qual modalidade paga mais dividendos para quem busca renda passiva? Segundo Maria Giulia, não há uma resposta definitiva. “Depende do ciclo econômico, do segmento e da política de distribuição de cada ativo”, explica. Contudo, a previsibilidade é um diferencial notável dos fundos imobiliários.
“FIIs têm obrigação legal de distribuir ao menos 95% do Lucro apurado pelo regime de caixa, com base em lucros semestrais. Essa regra torna os pagamentos mais regulares e, por prática de mercado, a maioria dos fundos faz isso mensalmente”, detalha a analista.
Em contrapartida, as empresas listadas em bolsa com ações que pagam dividendos seguem suas próprias regras, podendo alterar valores ou frequência conforme seu estatuto e resultados. Para entender melhor as opções, confira a análise sobre investir em mercados e suas dinâmicas.
Tempo Mínimo de Posse para Receber Dividendos de FIIs
Outra questão frequente entre investidores iniciantes é o tempo necessário para receber proventos de fundos imobiliários. É importante saber que não há um tempo mínimo de posse. O essencial é estar atento à data-base (ou “data-com”), que define a data limite para ter o investimento na carteira e garantir o direito ao recebimento dos dividendos.
“Portanto, para ter direito ao recebimento, o investidor precisa ser cotista até a data-base. A partir da ‘data-ex’, as cotas passam a negociar sem direito ao provento anunciado”, explica Maria Giulia.
A “data-ex” marca o primeiro dia útil em que o ativo não tem mais dividendos a serem pagos. Por exemplo, se um FII tem data-base em 20 de outubro, o investidor que comprar cotas até essa data receberá o pagamento. Quem adquirir no dia seguinte, 21 de outubro, participará apenas da próxima agenda de dividendos.
Recebimento Mensal de Dividendos com Fundos Imobiliários
Sim, é possível receber dividendos mensais com Fundos Imobiliários. Embora a lei exija uma distribuição mínima semestral, a grande maioria dos FIIs adota pagamentos mensais. Essa prática visa oferecer regularidade e previsibilidade ao cotista, algo altamente valorizado por quem busca complementar a renda.
“Essa prática se consolidou no mercado porque o investidor brasileiro gosta de ver o rendimento pingar na conta todo mês”, comenta a analista. Essa estratégia de fluxo de caixa mensal é um diferencial competitivo no mercado financeiro.
Imposto de Renda sobre Dividendos de FIIs
Para pessoas físicas, os rendimentos distribuídos por fundos imobiliários são isentos de Imposto de Renda (IR), desde que cumpridas algumas condições: o fundo deve ter no mínimo 100 cotistas; as cotas precisam ser negociadas em bolsa ou balcão organizado; e o investidor não pode deter 10% ou mais das cotas, nem receber mais de 10% dos rendimentos do fundo.
Maria Giulia reforça que “a isenção é um dos principais atrativos dos FIIs em relação às ações”. No entanto, é crucial lembrar que o ganho de capital na venda das cotas está sujeito à alíquota de 20% de IR. Entender a tributação é fundamental para otimizar seus investimentos em renda variável.
Identificando FIIs com Bons Dividendos
Para avaliar se um fundo imobiliário paga bons dividendos, é essencial analisar o histórico de pagamentos e a sustentabilidade dos resultados. “Não adianta olhar só uma fotografia do último rendimento. É preciso ver o filme: se aquele fluxo é consistente e se o fundo tem fundamentos sólidos”, adverte Maria Giulia.
Ela recomenda:
- Observer o tipo de fundo: se é de papel (baseado em CRIs/CRAs) ou de tijolo (aluguéis de imóveis).
- Analisar a saúde financeira e a qualidade da gestão do fundo.
- Fazer um comparativo com outros fundos do mesmo segmento para verificar se o pagamento está acima ou abaixo da média do mercado imobiliário.
Fonte: InfoMoney