Fed Ganha Margem para Juros Mais Baixos com Inflação nos EUA Abaixo do Esperado

Inflação ao consumidor nos EUA abaixo do esperado em setembro dá ao Fed fôlego para cortar juros na próxima semana. Veja detalhes.
corte de juros Fed — foto ilustrativa corte de juros Fed — foto ilustrativa

A inflação ao consumidor nos Estados Unidos apresentou uma desaceleração em setembro, registrando uma alta inferior às previsões de Wall Street. Este cenário abre espaço para que o Federal Reserve (Fed), o Banco Central americano, promova um novo corte nas taxas de juros já na próxima semana. A expectativa é que os preços não sofram um impacto significativo após as tarifas impostas pelo Governo, como temiam muitos economistas, e o indicador conseguiu, ainda que momentaneamente, superar o bloqueio de dados causado pelo shutdown.

O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos EUA avançou 0,3% em setembro em comparação com agosto e 3% em relação ao ano anterior. Esses números ficaram abaixo das projeções de casas consultadas pelo Projeções Broadcast, que esperavam altas de 0,4% e 3,1%, respectivamente. O núcleo do CPI, que exclui componentes mais voláteis como alimentos e energia, apresentou uma variação mensal de 0,2% e anual de 3%, também abaixo das expectativas de Mercado.

Inflação Benigna Sinaliza Corte de Juros Iminente

Os indicadores mais favoráveis da inflação nos EUA reforçam a probabilidade de um novo corte nos juros na reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (FOMC), agendada para a próxima semana. As apostas de um corte de 25 pontos-base (0,25 ponto porcentual) atingiram 98,9%, um aumento em relação aos 96,7% registrados anteriormente, conforme dados da plataforma CME Group. “Os preços desaceleraram de forma geral. Não há nada aqui que impeça o FOMC de cortar as taxas na próxima semana, se assim desejar”, comentou Carl B. Weinberg, economista-chefe da High Frequency Economics (HFE).

O CPI foi bem recebido em Wall Street por diversas razões, especialmente por preencher a lacuna de dados após o período de shutdown nos EUA. “Estamos de volta aos negócios”, declarou Ali Jaffery, economista do CIBC Economics. Já o Wells Fargo descreveu o dado como um “oásis no deserto de dados”.

Segundo Jaffery, do CIBC, a exigência para que o Fed não cortasse os juros em outubro era “muito alta”. “Os dados de hoje certamente não atendem ao padrão, tornando o corte de taxa da próxima semana quase certo”, complementou o economista.

Além do CPI, as projeções para a inflação anual nos EUA em 12 meses recuaram de 4,7% em setembro para 4,6% em outubro, de acordo com informações da Universidade de Michigan. Para o horizonte de cinco anos, no entanto, houve um ligeiro aumento, passando de 3,7% para 3,9%.

Sentimento do Consumidor e Expectativas para o Fim do Ano

O sentimento do consumidor americano mostrou um leve pessimismo, com o índice medido pela Universidade de Michigan caindo para 53,6 em outubro, ante 55,1 em setembro, um resultado ligeiramente pior do que o esperado pelo mercado.

No contexto geral, investidores também aumentaram as expectativas para o final do ano, antecipando possíveis movimentos do Fed após sua última reunião de 2025, em dezembro. O mercado precifica uma probabilidade de 94,3% de uma nova redução adicional de 50 pontos-base (0,50 ponto) nas taxas americanas até o fim do ano, segundo o CME Group.

O Wells Fargo, contudo, adverte que os dados do CPI de setembro não foram suficientemente fracos para que o FOMC possa declarar o controle total da inflação nos EUA. O indicador anual ainda se encontra distante da meta de 2% estabelecida pelo Fed.

Até o momento, o Bank of America não prevê um corte adicional na reunião de dezembro. No entanto, após a divulgação do CPI, o banco americano avalia que o Fed estará mais inclinado a reduzir as taxas caso não haja novas divulgações significativas sobre o mercado de trabalho nos EUA até lá.

Por sua vez, o ING revisou sua previsão, passando a esperar uma nova redução de 25 pontos-base na reunião do Fed de dezembro. “Somente se os dados de inflação ou emprego surpreenderem positivamente, o FOMC ainda pode decidir pular dezembro”, analisou Philip Marey, estrategista sênior do ING para os EUA. Ele acredita que o Banco Central dos EUA dará continuidade ao ciclo de cortes em 2026 até que sua estimativa da taxa neutra seja alcançada.

“O que acontecerá além da reunião do Fed na próxima semana dependerá de dados subsequentes, principalmente a confirmação de um enfraquecimento do mercado de trabalho e a continuidade da desinflação nos EUA”, pontuou Mohamed El-Erian, presidente da Queen’s College e conselheiro econômico chefe da Allianz.

Incerteza Persiste com Shutdown e Divulgação de Dados

A euforia em Wall Street com a trégua na inflação e a divulgação do CPI de setembro foi de curta duração. A Casa Branca informou que provavelmente não haverá divulgação de novos dados de inflação no próximo mês devido à continuidade do shutdown do governo americano. Caso a paralisação não seja encerrada, será um evento inédito na história, segundo fontes em Washington.

A publicação do CPI ocorreu em caráter excepcional devido à proximidade da reunião do Fed. A divulgação de outros indicadores macroeconômicos dos EUA permanece suspensa por conta da paralisação da administração pública, que já é a segunda maior da história, ambas ocorridas durante a gestão de Trump.

Dessa forma, Wall Street pode ter que esperar até dezembro para ter Acesso ao próximo relatório do CPI. Se isso se concretizar, a última reunião do FOMC de 2025 será ainda mais “crucial”, conforme observou Sarah House, economista sênior do Wells Fargo.

Fonte: Estadão

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