A decisão crucial do Federal Reserve (Fed) sobre a política de juros nos Estados Unidos está em pauta para esta quarta-feira. Em meio a um cenário de incertezas econômicas e sem dados atualizados devido ao shutdown do Governo, o economista José Alfaix, da Rio Bravo Investimentos, sugere que o Comitê de Política Monetária (FOMC) opte por antecipar um corte nos juros agora, em outubro, a fim de evitar a necessidade de um corte mais expressivo em dezembro.
O contexto da reunião é peculiar, com a paralisação de serviços não essenciais do governo norte-americano, que suspendeu a coleta de dados econômicos cruciais. Dessa forma, o FOMC terá que basear sua decisão em informações pré-shutdown e em indicadores alternativos da atividade econômica. A próxima reunião do comitê está agendada para os dias 9 e 10 de dezembro.
A dificuldade reside em calibrar a política monetária sem ter uma visão clara do quadro atual. Um movimento equivocado pode tanto acelerar a inflação quanto estagnar a economia, retardando sua recuperação. Como afirma Alfaix, “Sem acesso às informações mais recentes do mercado de trabalho, e a resposta dos preços às tarifas, a reunião do Fomc de outubro deve ser movida integralmente pelo medo de ficar atrás da curva novamente”.
Em setembro, o Fed já havia anunciado um corte de 0,25 ponto percentual, levando a taxa de juros dos EUA para a faixa de 4% a 4,25%. A expectativa de Mercado aponta para mais um ajuste semelhante, mas a incerteza gerada pelo shutdown pode alterar esse curso.
O Impacto do ‘Apagão’ de Dados nos EUA
O governo dos Estados Unidos encontra-se em shutdown desde 1º de outubro, resultado da Falta de acordo orçamentário entre os partidos. Historicamente, o ano fiscal nos EUA inicia em outubro e requer aprovação legislativa para a liberação de verbas que garantem o funcionamento da administração pública. Sem um consenso, recursos são cortados e atividades federais são suspensas, impactando diretamente a produção de estatísticas econômicas.
O principal ponto de discórdia tem sido a extensão dos subsídios federais para o Affordable Care Act (ACA), conhecido como “Obamacare”. Enquanto os Democratas defendem a manutenção e o avanço da lei, que visa tornar os planos de saúde mais acessíveis, o Partido Republicano manifesta oposição.
“É uma sinuca de bico. Por um lado, o shutdown é uma resposta dos democratas à impositividade de Trump, que tem conseguido governar com enorme liberdade até então. Por outro, o elevado custo político da paralisação pode fazer com que a oposição tenha de ceder primeiro”, analisa Alfaix.
Estima-se que o custo financeiro diário do shutdown alcance aproximadamente US$ 1 bilhão. Adicionalmente, a paralisação afeta o pagamento de cerca de 1,8 milhão de servidores federais, que podem ficar sem receber seus salários até o fim do mês.
Fonte: InfoMoney