Ata da última reunião do Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos revelou que alguns membros do comitê de política monetária consideraram a manutenção da taxa de juros inalterada em setembro, ou poderiam ter apoiado tal medida. A reunião resultou em um corte de 0,25 ponto percentual, elevando os juros para a faixa de 4,00% a 4,25% ao ano, com apenas um membro defendendo um corte mais expressivo de 0,50 ponto.
Esses participantes observaram que o avanço em direção à meta de inflação de 2% havia estagnado e que as expectativas de longo prazo poderiam se elevar caso a inflação não retornasse ao patamar desejado em tempo hábil. Apesar dessas ressalvas, a maioria considerou que seria apropriado flexibilizar ainda mais a política monetária durante o restante do ano.
Alguns membros apontaram que as condições financeiras, avaliadas por diversos critérios, sugeriam que a política monetária poderia não ser excessivamente restritiva, o que justificaria uma abordagem cautelosa nas próximas alterações. Quase todos os participantes concordaram que, com o corte de juros em setembro, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) estaria bem posicionado para responder a futuros desenvolvimentos econômicos, reiterando a postura dependente de dados do Fed.
Riscos e Mercado de Trabalho
Em relação ao balanço de riscos, os membros julgaram que os riscos de alta para a inflação permaneceram elevados, e os riscos de baixa para o emprego, já significativos, aumentaram. A ata indica um aumento nos riscos de queda no emprego no período entre as reuniões. Diante desse cenário, a maioria dos participantes avaliou que seria adequado mover os juros para um patamar mais neutro.
Sobre o mercado de trabalho, os participantes notaram que o baixo número estimado de criação de empregos nos meses anteriores provavelmente refletia uma desaceleração tanto na oferta quanto na demanda por trabalho, além da baixa imigração líquida. Indicadores como a taxa de desemprego e a razão entre vagas e trabalhadores desempregados não apontaram para uma deterioração acentuada.
Embora a política tarifária tenha sido citada como um fator de pressão sobre a inflação, alguns membros notaram que seus efeitos moderadores foram menores do que o esperado no início do ano. Alguns expressaram que, excluindo os efeitos das tarifas, a inflação estaria próxima da meta. Contudo, a maioria enfatizou os riscos altistas para as projeções de inflação, enquanto outros percebiam menos risco de alta comparado ao início do ano.
Balanço do Fed e Reservas Bancárias
O balanço do banco central americano também foi tema de discussão. Dirigentes do Fed concordaram em continuar monitorando as condições do mercado monetário e o nível de reservas bancárias, consideradas elevadas. Alguns afirmaram que a redução do balanço ocorreu sem problemas até o momento e que diversos indicadores apontavam para a abundância de reservas.
Com as reservas em declínio e projeções de queda contínua, foi ressaltada a importância de monitorar de perto as condições do mercado monetário e avaliar o quão próximas as reservas estavam de seu nível abundante. Autoridades do Fed de Nova York informaram que as reservas do sistema bancário dos EUA devem se aproximar de US$ 2,8 trilhões até o fim do primeiro trimestre de 2025, se a redução do balanço mantiver o ritmo atual.
A diminuição do balanço do banco central americano começou em junho de 2022, quando o montante se aproximava de US$ 9 trilhões, e é um fator crucial para a condução da política monetária.
Fonte: Valor Econômico