A escolha do próximo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) para a vaga deixada pela Aposentadoria de Luís Roberto Barroso movimenta os bastidores políticos. Três nomes despontam como favoritos, cada um com diferentes níveis de apoio no Palácio do Planalto, no Congresso e na própria Corte. O advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, surge como um dos principais cotados pela proximidade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) conta com forte apoio no Senado, casa que votará a indicação, e também entre ministros do STF. Já o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, embora corra por fora, possui boas relações nos Três Poderes, o que o mantém competitivo.
Um ponto em comum entre os três é a idade inferior a 50 anos, garantindo uma longa Permanência na Corte, potencialmente por quase três décadas. Assim como em indicações anteriores, Lula parece priorizar nomes mais jovens que possam moldar o futuro do Judiciário por muitos anos.
Jorge Messias: Confiança Presidencial e Apoio Político
O principal trunfo de Jorge Messias é a extrema confiança depositada por Lula. Aliados apontam que este critério tem sido fundamental para as indicações do presidente ao STF em seu terceiro mandato, como foi o caso de Cristiano Zanin e Flávio Dino. A intenção seria evitar surpresas, garantindo que o indicado compartilhe dos objetivos do governo, diferentemente de indicações passadas cujos indicados tomaram posições contrárias ao partido.
O nome de Messias também conta com o respaldo de ministros importantes como Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Fernando Haddad (Fazenda), além do grupo Prerrogativas. Sua atuação em temas sociais e sua representatividade como ministro evangélico em um setor onde o Governo busca maior diálogo também são vistos como pontos positivos.
No entanto, Messias pode enfrentar obstáculos. O governo pode ter que investir capital político para superar o apoio de uma ala do Senado a Rodrigo Pacheco. Embora tenha boas relações no STF, não é o favorito de todos na Corte.
Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do Prerrogativas, defende a escolha: “Nos parece que esse é o momento do Messias. Tem sólida formação jurídica e mostrou capacidade de articulação política.”
Rodrigo Pacheco: Experiência Legislativa e Favorecimento no STF
Rodrigo Pacheco tem como principal articulador o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e é o preferido de uma parte significativa da atual composição do STF. Sua experiência como presidente do Senado e do Congresso Nacional por dois mandatos lhe conferiu prestígio e aval de muitos senadores.
No Judiciário, ministros como Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia são apontados como favoráveis à sua indicação. Sua atuação em momentos de tensão entre os Poderes, como a rejeição do pedido de impeachment contra Alexandre de Moraes em 2021, fortaleceu sua imagem de mediador.
A proximidade com Lula também é notória, com o presidente tendo elogiado publicamente Pacheco. Contudo, um ponto de atrito é a preferência de Lula para que Pacheco concorra ao governo de Minas Gerais, um estado estratégico. A candidatura de Pacheco ao governo mineiro é vista como um plano B essencial para o projeto presidencial do PT.
Bruno Dantas: Articulação e Perfil Técnico
Bruno Dantas, ex-presidente do TCU, pode não ser o favorito declarado, mas sua capacidade de articulação política e sua relação próxima com ministros do STF, como Gilmar Mendes, o tornam um nome competitivo. Seu perfil garantista e Críticas à Lava Jato agradam a setores do governo e do Judiciário.
A proximidade com lideranças do Congresso, como Davi Alcolumbre e Renan Calheiros (MDB-AL), pode facilitar sua aprovação no Senado. No STF, sua candidatura é vista com respeito, embora não gere o mesmo entusiasmo que Pacheco ou Messias.
Dantas é reconhecido por sua produção acadêmica, o que pode ser um diferencial. Sua gestão no TCU também incluiu decisões importantes para o governo, como a liberação de recursos para o programa “Pé-de-meia”.
No entanto, alguns o consideram uma opção “muito política” e distante da relação direta com Lula. Uma ala do PT também demonstra resistência, vendo-o como um nome “longe da esquerda”.
Fonte: InfoMoney