Michel Alcoforado: O Fascínio Brasileiro Pelos Ricos e a Crença Ilusória

Descubra por que os brasileiros são fascinados por ricos, segundo o antropólogo Michel Alcoforado. Entenda a “crença ilusória” e a performance da riqueza.
Michel Alcoforado em entrevista sobre seu livro "Coisa de Rico", analisando o fascínio brasileiro por ricos e a elite. Michel Alcoforado em entrevista sobre seu livro "Coisa de Rico", analisando o fascínio brasileiro por ricos e a elite.

O antropólogo Michel Alcoforado, conhecido como o “antropólogo do luxo”, lança o livro Coisa de Rico: A Vida dos Endinheirados Brasileiros, que explora o fascínio brasileiro pela elite e a “crença ilusória” na mobilidade social. Em Entrevista, Alcoforado detalha os muros invisíveis que separam as classes e como a riqueza é performada no Brasil.

Alcoforado, que estuda os super-ricos há 15 anos, destaca que a distância social no Brasil vai além do dinheiro, chegando a aspectos como o cheiro de perfumes de luxo. Ele relata um episódio em Genebra onde uma herdeira brasileira questionava o valor de 15 mil euros por uma cópia de perfume, um Acesso impossível para a maioria da população.

Michel Alcoforado em entrevista sobre seu livro
Michel Alcoforado, autor de “Coisa de Rico”, analisa o comportamento da elite brasileira.

A “Crença Ilusória” na Mobilidade Social

“Aqui [no Brasil] a gente gosta de rico. Gostamos de saber dos ricos porque, de algum modo, todo mundo imagina que em algum momento ficará rico, uma crença ilusória sobre o processo de mobilidade da sociedade brasileira”, afirma Alcoforado. Ele ressalta que, ao contrário dos EUA, onde a riqueza está ligada à construção de impérios, a elite brasileira a associa à “conquista”, buscando naturalizar sua posição de poder.

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Por Que Estudar as Elites?

O antropólogo explica que o estudo das elites é crucial para entender a persistência da desigualdade social no Brasil. “Meu trabalho busca mostrar como essa diferença abissal que separa pobres e ricos no Brasil se mantém ao longo do tempo por um esforço contínuo de preservar essas posições”, declara. Ele critica o fato de as ciências sociais terem, historicamente, privilegiado o estudo dos mais pobres, deixando as dinâmicas das elites em segundo plano.

A Performance da Riqueza no Brasil

Alcoforado detalha como os super-ricos brasileiros performam sua riqueza, não apenas através do patrimônio, mas também pelo domínio de códigos sociais e pela “naturalização da posição”. Ele cita a importância de eventos como jantares sofisticados e o uso de Marcas específicas como elementos dessa performance. A pesquisa revelou que a ideia de “conquistador” é central, com indivíduos buscando demonstrar que sempre pertenceram a essa elite.

Diferenças Cruciais: Brasil x EUA

Diferentemente do modelo americano do “self-made man”, focado na construção de impérios, o Brasil valoriza o “conquistador da riqueza”. Alcoforado aponta que, enquanto nos EUA biografias de milionários são populares, no Brasil o foco está na ostentação e no estilo de vida luxuoso, sem tanto interesse pelo percurso de ascensão. Ele nota que essa lógica molda as interações e a percepção de status.

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Fonte: G1

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