O município de Extrema, em Minas Gerais, um dos principais polos logísticos do Brasil, pode enfrentar uma desaceleração em seu protagonismo nos próximos anos. A avaliação é de Giancarlo Nicastro, CEO da Siila, em Entrevista recente.

Segundo Nicastro, o modelo de sucesso de Extrema foi construído com base em benefícios fiscais, e não em eficiência logística pura. Ele observa que o país está em transição de uma logística focada em tributação para uma focada em distribuição eficiente.
O CEO também destacou outros desafios para a cidade, como escassez de mão de obra e limitações na infraestrutura viária. Extrema, com menos de 100 mil habitantes, abriga mais de 1 milhão de metros quadrados em condomínios logísticos e industriais, gerando um descompasso entre a demanda por empregos e a oferta de trabalhadores qualificados.
“Hoje, empresas oferecem bônus para quem indica amigos para trabalhar e permanecer mais de três meses. Isso mostra o tamanho da escassez de mão de obra local”, comentou Nicastro.
As limitações logísticas incluem a qualidade inferior das rodovias em comparação com eixos mais estratégicos, como a Rodovia Presidente Dutra e as Rodovias dos Bandeirantes e Anhanguera.
Risco de ‘Efeito Alphaville’ para Extrema?
Nicastro comparou a situação de Extrema com a de Alphaville, polo corporativo na Grande São Paulo. Alphaville, que prosperou com incentivos fiscais, enfrentou alta vacância após a retirada desses benefícios. Atualmente, a taxa de vacância em Alphaville pode chegar a 50%, com aluguéis por metro quadrado significativamente mais baixos.
“Vejo risco semelhante para Extrema nos próximos cinco a dez anos”, alertou o executivo, prevendo que a região pode perder sua vantagem competitiva à medida que os incentivos fiscais se esgotam.
No entanto, o impacto não deve ser imediato. “No curto prazo, Extrema ainda se beneficia dos incentivos vigentes e da baixa vacância. Mas, olhando para o longo prazo, há problemas estruturais que podem limitar o crescimento da região”, concluiu Nicastro.
Fonte: InfoMoney