O ex-diretor financeiro (CFO) da Ambipar, João Arruda, entrou com uma ação cautelar buscando apreensão de documentos. A medida visa embasar processos contra a companhia por denunciação caluniosa e danos à sua honra e reputação profissional.
A Ambipar, que está em recuperação judicial desde 20 de maio, acusa Arruda de ser o principal responsável pela crise que levou a empresa a essa situação. A ação judicial, protocolada na quinta-feira (23), é uma tentativa de Defesa e busca por provas que desmintam as alegações da empresa.
Ambipar tenta culpar ex-CFO por crise
Arruda, que renunciou ao cargo em 19 de setembro, alega na ação que a Ambipar busca transformá-lo em um “bode expiatório” para encobrir os verdadeiros responsáveis pela crise financeira. Ele aponta que a companhia tentou mascarar sua real situação com uma engenharia contábil, especialmente um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) de R$ 1,8 bilhão.
O ex-diretor financeiro afirma que atos relevantes, incluindo negociações com bancos e credores, eram conduzidos diretamente por Tércio Borlenghi, fundador da Ambipar, e outros diretores próximos, sem a devida transparência e sem sua participação. A ação cautelar busca esclarecer a governança corporativa e os fluxos decisórios relacionados ao caixa da empresa.
A governança da Ambipar e a gestão de seu caixa foram questionadas após a divulgação de que a empresa dispunha de R$ 4,7 bilhões em caixa e aplicações, mas que, segundo alegações posteriores, não teria recursos suficientes para honrar um chamado de margem de aproximadamente R$ 60 milhões.
Contrato com Deutsche Bank e inconsistências financeiras
A ação cautelar também levanta questionamentos sobre o contrato e aditivo celebrados com o Deutsche Bank. A Ambipar acusa este contrato de ter sido o estopim para o vencimento antecipado e cruzado de todas as dívidas, causando um rombo estimado em R$ 10 bilhões. No entanto, a ação de Arruda destaca que ele não foi o responsável pela assinatura deste aditivo, mas sim outros diretores da empresa.
O ex-CFO requer a apresentação de documentos que comprovem sua não participação na assinatura do aditivo contratual com o Deutsche Bank e que nenhuma irregularidade ocorreu na operação. Ele sustenta que o contrato melhorou as condições financeiras da Ambipar, reduziu Custos de swap e ampliou a proteção cambial, sendo uma medida tecnicamente coerente e benéfica à empresa.
A Defesa de Arruda aponta uma aparente contradição entre a divulgação de R$ 4,7 bilhões em caixa e aplicações, atestados por auditorias externas como BDO e Deloitte, e a alegação posterior de insuficiência de recursos para cobrir um chamado de margem. Essa discrepância reforça a necessidade de provas documentais sobre quem controlava o caixa e como as decisões eram comunicadas ao mercado.
Fonte: Estadão