EUA em “apagão estatístico”; Brasil: desaceleração com juros altos

Caio Megale, da XP, aponta “apagão estatístico” nos EUA e desaceleração no Brasil, com juros altos e riscos fiscais. Entenda o cenário.
EUA apagão estatístico Brasil desaceleração — foto ilustrativa EUA apagão estatístico Brasil desaceleração — foto ilustrativa

O economista-chefe da XP, Caio Megale, sinalizou um cenário de desaceleração nos Estados Unidos, com o Mercado de trabalho apresentando enfraquecimento na criação de vagas, apesar do desemprego em baixa. Esse comportamento se contrapõe a outros indicadores como o PIB e o consumo.

Megale explicou que a dificuldade de interpretar a desaceleração do mercado de trabalho americano é agravada pela transformação estrutural dos empregos, com a expansão de trabalhos flexíveis e de aplicativos, que atuam como alternativa à perda de postos formais. As declarações foram feitas no podcast Outliers InfoMoney.

Ele também ressaltou o papel histórico do Federal Reserve (Fed) como estabilizador global, alertando para os riscos caso a instituição perca credibilidade. “Se o Fed começa a gerar incerteza em vez de liquidez, o mundo financeiro fica mais frágil”, disse Megale.

Diante deste cenário, o Fed iniciou cortes de juros, movimento aguardado pelo mercado por se tratar da taxa “mãe” que influencia outros mercados. Megale mencionou que a situação atual é agravada pelo shutdown nos EUA, que interrompe a coleta de dados econômicos, criando um “apagão estatístico” e aumentando a dificuldade de avaliação pelo Fed.

Brasil: juros, inflação e política fiscal

Em contraste com os EUA, o Brasil mantém a taxa básica de juros em patamar elevado. Caio Megale apontou que o país evidencia sinais leves de desaceleração no mercado de trabalho e mais claros no crédito, mas a economia permanece forte com a inflação acima da meta.

O economista detalhou que o Banco Central brasileiro adota uma abordagem cautelosa, equilibrando riscos. Ele mencionou que, simultaneamente à alta inflação, há estímulos fiscais em curso, como novas medidas de expansão econômica, desoneração de impostos e ajustes em crédito imobiliário e consignado. Essa combinação, segundo ele, faz com que a política monetária tenha efeito, mas seja parcialmente compensada pelo impulso fiscal.

Megale indicou que o efeito do aperto monetário começou a aparecer claramente, com juros elevados e contenção fiscal contribuindo para frear a economia. Por isso, o início do ciclo de cortes de juros no Brasil, inicialmente esperado para janeiro, foi adiado para março. No entanto, ele alertou que novas medidas fiscais expansionistas podem acelerar novamente a economia, tornando o balanço de riscos complexo.

Riscos e oportunidades para investidores brasileiros

Para 2025, Megale reforça que o ambiente global e local será imprevisível, com riscos e oportunidades dependendo da dinâmica de commodities, decisões de política monetária nos EUA e movimentações comerciais globais. Ele destaca o petróleo como um parâmetro importante para o orçamento brasileiro, impactando diretamente Receita e planejamento. Segundo o economista, quem compreender essas conexões terá vantagem nos investimentos.

Fonte: InfoMoney

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