Wall Street reage com vendas de ETFs de altcoins após o recente crash no Mercado de criptomoedas. Emissores haviam registrado uma grande quantidade de fundos atrelados a tokens voláteis, mas a queda brusca expôs a fragilidade e iliquidez desses ativos.
Crash e Ilíquidez das Altcoins
Em poucas semanas, bilhões de dólares em Valor de mercado evaporaram. Diversos tokens despencaram mais de 70%, com ofertas de compra escassas devido à falta de liquidez. Este cenário remete ao Velho Oeste financeiro, apesar de engenheiros de produto tentarem regularizar esses ativos.
Cerca de 130 pedidos de ETFs ligados a criptomoedas menores ainda aguardam aprovação da SEC. Entre eles, fundos de Polkadot (DOT), Chainlink (LINK) e até memecoins como Pengu (PENGU). O ETF da Dogecoin (DOGE), apesar de ter atraído US$ 38 milhões, reflete o clima sombrio após o Colapso recente.
Sinais de Alerta e Preocupações Regulatórias
A recente queda, embora não tão caótica quanto a de 2022, acendeu sinais de alerta. Preocupações com tensões no mercado de crédito intensificaram o declínio na sexta-feira, com um índice de altcoins caindo 11%. Esse movimento evidencia a rapidez com que o ecossistema de tokens especulativos pode desaparecer.
A maioria dos registros de ETFs foi enviada meses atrás, apostando no apetite do investidor de varejo por risco. Contudo, o crash complicou essa tese. A estrutura de um ETF, por mais sofisticada, não protege os ativos subjacentes de sua natureza especulativa e dependência de fluxos rápidos de dinheiro e viralização.
O contexto atual agrava as preocupações sobre o descompasso entre aprovações regulatórias e a proteção ao investidor. Críticos apontam que a postura permissiva da SEC pode conferir legitimidade institucional a tokens de alto risco, justo no momento em que suas vulnerabilidades estruturais são expostas.
Desafios na Estruturação de ETFs de Altcoins
Ilan Solot, estrategista global sênior da Marex Solutions, já apontava obstáculos significativos para a estruturação de ETFs de altcoins. Baixa liquidez, diluição de tokens e pequenos valores de mercado são barreiras. “Existem milhares de ETFs que são lançados e não têm longevidade. Suspeito que poucos desses terão entradas significativas de capital”, afirmou Solot, criticando o excesso de registros em meio à euforia.
Ambiente Regulatório e Perspectivas Futuras
Sob a nova administração, emissores sentiram-se encorajados a propor produtos mais arriscados, impulsionados por uma postura governamental mais flexível em relação aos ativos digitais. Registros chegaram a incluir veículos de investimento duplamente alavancados para criptomoedas como $TRUMP e $MELANIA.
Jane Edmondson, chefe de estratégia de produtos de índice da TMX VettaFi, reconhece que emissores buscam aproveitar o ambiente regulatório favorável. No entanto, ela mantém cautela: “Isso ainda precisa ser visto”, referindo-se ao real interesse dos investidores em sustentar essa onda de pedidos.
A clareza regulatória pode ser demorada, especialmente com a SEC fechada devido à paralisação do Governo, o que pode atrasar o andamento dos pedidos pendentes. Ainda assim, a indústria de ETFs busca inovar.
James Seyffart, analista de ETFs da BI, compara o lançamento de novos produtos a um teste: “É isso que a indústria de ETFs faz — é um canhão de espaguete: eles vão lançar um monte dessas coisas e ver o que cola”. Ele ressalta que o mercado e os investidores decidirão quais produtos realmente agregam valor, mesmo que muitos não passem de testes especulativos.
A possível aprovação de ETFs de altcoins regulamentados poderia oferecer um caminho mais seguro para investidores de varejo, com divulgações mais claras e proteção de custódia, trazendo mais transparência a um setor opaco do universo cripto.
Fonte: Valor Econômico