Relação Brasil-EUA: Estratégia de Bolsonaro Fracassa e Pragmatismo Prevalece

Estratégia de Bolsonaro de usar tensões com EUA fracassa. Relação Brasil-EUA retoma pragmatismo comercial e busca ganha-ganha. Entenda o impacto.
estratégia dos Bolsonaros fracassou — foto ilustrativa estratégia dos Bolsonaros fracassou — foto ilustrativa

A conversa telefônica entre os ex-presidentes Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva marcou o fim da estratégia da família Bolsonaro de usar tensões diplomáticas com os Estados Unidos como trunfo político. A tentativa de condicionar a normalização das relações comerciais a uma ‘anistia branca’ ou à redução de penas para Bolsonaro e outros envolvidos nos atos de 8 de janeiro falhou.

Pragmatismo Comercial Supera Ideologia

O pragmatismo comercial, base das relações Brasil-EUA por décadas, retomou seu espaço. O cálculo de Trump, focado em resultados econômicos e em sua reeleição, não mais comporta o risco de se associar a uma figura politicamente desgastada e juridicamente implicada como Bolsonaro. O presidente americano percebeu que a narrativa de perseguição política bolsonarista não convenceu o establishment americano, nem justificou barreiras comerciais e sanções impostas ao Brasil.

A retórica de confronto, incluindo o apoio de aliados de Trump à Lei Magnitsky contra autoridades brasileiras, demonstrou ser um equívoco. Ao tentar usar o ressentimento ideológico como moeda de troca, o bolsonarismo reforçou a imagem de um país instável e com instituições frágeis, o que não condiz com a realidade. Os EUA concluíram que é mais vantajoso retomar o caminho do ganha-ganha, com investimentos mútuos, equilíbrio tarifário e previsibilidade diplomática.

Cálculo Estratégico na Nova Relação EUA-Brasil

Na reaproximação entre Trump e Lula, prevaleceu o cálculo estratégico que sempre guiou a diplomacia americana. Trump parece ter compreendido que não lhe interessa continuar apoiando um indivíduo condenado por atentar contra as instituições democráticas brasileiras. Para ele, Bolsonaro pode ter se tornado um ativo tóxico, inútil para a política externa e arriscado para a política e economia doméstica americana.

A ironia reside no fato de que apenas a direita não bolsonarista no Brasil ainda não assimilou o tamanho desse isolamento. Ao manterem-se próximos a Bolsonaro, esses setores correm o risco de repetir o erro da esquerda em 2018: submeter um projeto político amplo à figura de um líder politicamente inviável. Enquanto isso, EUA e Brasil avançam lentamente em direção a uma normalização, onde prevalece o interesse mútuo, em detrimento de delírios conspiratórios.

O Futuro da Direita Brasileira e o Legado Bolsonaro

Ao seguir concedendo espaço ao bolsonarismo, a centro-direita corre o risco de, involuntariamente, fortalecer o projeto de reeleição de Lula. Para se tornar competitiva e reconquistar a legitimidade junto aos eleitores de centro e de direita não bolsonarista em 2026, é fundamental que esses setores se diferenciem claramente de Bolsonaro e de sua agenda antidemocrática e retrógrada.

A estratégia dos Bolsonaros fracassou por se basear em uma premissa equivocada: a de que chantagem e vitimismo poderiam suplantar a diplomacia e a racionalidade econômica. O resultado prático é o isolamento externo, o descrédito interno e a constatação de que, até mesmo para Donald Trump, Bolsonaro parece ter se tornado uma carta fora do baralho.

Fonte: Estadão

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