Estrangeiros impulsionam Bolsa brasileira a novas máximas: entenda o fluxo

Estrangeiros impulsionam Bolsa brasileira a recordes em 2025. Entenda o fluxo de capital, o cenário internacional e os riscos eleitorais que afetam o Ibovespa.
Estrangeiros Bolsa Brasileira — foto ilustrativa Estrangeiros Bolsa Brasileira — foto ilustrativa

A Bolsa de Valores brasileira atingiu quatro recordes em novembro, alcançando 153.338 pontos. Gestores de recursos preveem um fluxo contínuo de capital estrangeiro para as ações de empresas nacionais, sustentando o otimismo do Mercado.

A entrada de investidores internacionais em 2025 já superou a saída registrada no ano anterior, sendo um dos principais motores da alta de 28% do Ibovespa no período, apesar de flutuações recentes. Dados da consultoria Elos Ayta indicam uma entrada líquida de R$ 25,9 bilhões na Bolsa brasileira até o mês passado, revertendo os R$ 24,1 bilhões que saíram em 2024.

A perspectiva de estabilização dos preços no mercado acionário americano incentiva a busca por ativos em países emergentes, como o Brasil, que se destaca por apresentar preços atrativos e alto potencial de valorização. Pramol Dhawan, diretor de mercados emergentes da gestora americana Pimco, ressalta que o Brasil está bem posicionado nesse cenário.

EUA no centro das atenções globais e o movimento do capital

À medida que investidores questionam a sustentabilidade das altas das ações americanas, especialmente no setor de tecnologia, a tendência é de realocação de recursos para outros mercados. Francisco Levy, especialista em investimentos, aponta que o S&P 500 negocia a 22 vezes preço/lucro para 2026, enquanto o Ibovespa opera em 8,74 vezes, indicando uma margem significativa para valorização no Brasil.

A saída de apenas 1% dos investimentos em Bolsa americana, que totaliza US$ 50 trilhões, representaria uma injeção de US$ 500 bilhões em mercados emergentes. Esse movimento de capital já é observado, com o dólar perdendo força frente a moedas emergentes devido a políticas econômicas protecionistas.

A política de juros nos Estados Unidos, com o Federal Reserve realizando cortes na taxa básica, tem estimulado esse apetite por risco em emergentes. Scott Piper, gestor-chefe de ações da América Latina do Itaú USA, acredita que um ciclo mais longo de afrouxamento monetário pelo Fed pode impulsionar ainda mais o Brasil, fortalecendo o real e ancorando a inflação.

Gráfico do Ibovespa indicando alta e pontuação recorde, impulsionado por investidores estrangeiros.
Ibovespa registra recordes impulsionado pelo fluxo de capital estrangeiro.

Oportunidades e desafios para a Bolsa brasileira

O mercado de ações latino-americano encolheu nos últimos 15 anos, mas há expectativa de reversão desse cenário. Nesta semana, com a perspectiva de corte de juros nos EUA, o Ibovespa ultrapassou os 150 mil pontos pela primeira vez, com projeções otimistas de analistas como Daniel Gewehr, do Itaú BBA, que estima o índice em 155 mil pontos ao final do ano.

Gewehr confirma que investidores estrangeiros explicam 70% a 80% do movimento positivo da Bolsa em 2025 e que essa tendência deve se manter. Relatos de road shows nos Estados Unidos indicam preparo de gestores para realocação de recursos para fora dos EUA.

A redução esperada nos resgates da indústria de fundos de investimentos, que perderam R$ 42,2 bilhões de janeiro a setembro, também pode favorecer a Bolsa. Rodrigo Santoro, superintendente de renda variável da Bradesco Asset, explica que a queda de juros nos EUA e a perspectiva de menor crescimento econômico americano impactam o dólar e atraem investimentos para os emergentes.

Dólar em queda frente a moedas emergentes, influenciando o fluxo de investimentos.
Fluxo de dólares para emergentes tende a aumentar com a queda de juros nos EUA.

Riscos à vista: eleições e volatilidade

Apesar do cenário positivo, a Bolsa brasileira enfrenta riscos, notadamente as eleições presidenciais de 2026, que podem gerar volatilidade. Piper, do Itaú USA, observa que investidores internacionais focam no ciclo de queda de juros nos EUA, enquanto os locais se preocupam com o cenário eleitoral. Embora os juros ofereçam mais clareza, a dinâmica das eleições ainda é incerta.

Fonte: Folha de S.Paulo

Adicionar um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Imagens e vídeos são de seus respectivos autores.
Uso apenas editorial e jornalístico, sem representar opinião do site.

Precisa ajustar crédito ou solicitar remoção? Clique aqui.

Publicidade