O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está articulando a captação de um empréstimo de R$ 20 bilhões para os Correios junto a instituições financeiras, incluindo o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e bancos privados. A operação visa sanear as finanças da estatal, que enfrenta um cenário de prejuízos acumulados nos últimos anos.
A obtenção desses recursos está condicionada à implementação de medidas de reestruturação e gestão para reverter as perdas financeiras. O objetivo é viabilizar programas como demissões voluntárias, o pagamento de dívidas com fornecedores e investimentos que promovam a eficiência operacional da empresa.
Contexto Financeiro dos Correios
Os Correios registram prejuízos consecutivos desde 2022. No ano passado, a empresa fechou o balanço com um rombo de R$ 767 milhões, que diminuiu para R$ 596 milhões em 2023. No entanto, 2024 tem sido particularmente desafiador, com um prejuízo acumulado de R$ 2,59 bilhões até junho.
O primeiro semestre de 2025 apresentou um prejuízo ainda maior, de R$ 4,37 bilhões, o que representa um aumento de 222% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Apenas no segundo trimestre de 2025, o prejuízo atingiu R$ 2,64 bilhões, quase cinco vezes superior aos R$ 553 milhões registrados no mesmo período de 2024.
Desafios Operacionais e Regulatórios
Em comunicado, a estatal atribuiu parte de suas dificuldades financeiras a fatores conjunturais externos, destacando a retração significativa no segmento Internacional. Alterações regulatórias, como a chamada “taxa das blusinhas”, que impactou as importações de baixo valor, foram citadas como causadoras da queda no volume de postagens e consequente redução de receitas.
A ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, reconheceu em julho as dificuldades financeiras dos Correios. Ela enfatizou que a reversão do quadro depende de uma combinação de cortes de custos e busca por novas fontes de Receita, ressaltando que a empresa opera em um setor em profunda transformação.
A ministra também mencionou que os Correios, apesar de não deterem mais o monopólio de entregas em todo o país, mantêm a obrigação de atender a todo o território nacional, incluindo áreas remotas e menos rentáveis. Essa universalização do serviço, aliada à concorrência crescente e a fatores regulatórios, tem pressionado as Finanças da empresa.
Mudança na Presidência da Estatal
Em setembro, a presidência dos Correios foi assumida por Emmanoel Schmidt Rondon, um funcionário de carreira do Banco do Brasil, sucedendo Fabiano da Silva. A gestão anterior, inclusive, havia manifestado insatisfação com medidas do Ministério da Fazenda que afetaram suas operações.
A dificuldade financeira também gerou repercussões entre fornecedores, que buscaram judicialmente o recebimento de pagamentos atrasados. Além disso, há compromissos firmados com bancos privados, como o BTG Pactual, que podem figurar entre os credores nesse novo plano de socorro.
Fonte: Estadão