Empresário ligado ao Hezbollah é condenado por lavagem de dinheiro e fraude

Empresário Dante Felipini, ligado ao Hezbollah, condenado por lavagem de dinheiro e evasão de divisas em esquema de criptomoedas. Veja detalhes.
esquema criminoso de criptomoedas — foto ilustrativa esquema criminoso de criptomoedas — foto ilustrativa

Um empresário condenado por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e organização criminosa, Dante Felipini, operava um esquema de criptomoedas com ligações suspeitas. Em conversas divulgadas pela Polícia Federal (PF), Felipini compartilhava vídeos onde aparecia atirando com um fuzil AK-47 no Líbano, em janeiro de 2023, e se referia a integrantes do Hezbollah como seus anfitriões. Ele chegou a afirmar que os homens eram “bom” e que o grupo “acabou com o Estado Islâmico”. Em outra ocasião, chegou a dizer que havia feito seu “batismo” no grupo, afirmando que “os caras não são terroristas não”, apesar de um colega alertá-lo sobre o status terrorista do Hezbollah.

Condenação e Prisão

A 6.ª Vara Criminal Federal absolveu Felipini da acusação de financiamento de terrorismo, mas o condenou a 17 anos e 5 meses de prisão por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e organização criminosa. A PF obteve cópias de conversas e fotos que embasaram a Operação Colossus. Ele foi preso em janeiro de 2024 ao tentar embarcar para Dubai, onde morava, no aeroporto de Guarulhos. Era acusado de integrar um esquema bilionário que lavava dinheiro do tráfico e do Hezbollah, com o envio de fundos para carteiras de criptomoedas sancionadas por Israel devido à ligação com o grupo libanês e a Força Quds do Irã.

Indícios de Lavagem de Dinheiro e Conexões Internacionais

Relatórios da PF indicaram que Dante Felipini utilizava o pseudônimo “Oliver G” e trocava mensagens com um interlocutor sobre apreensões de criptoativos ligadas ao Hezbollah e à Força Quds. Um documento divulgado pelo ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, detalhava o confisco de carteiras de criptoativos de um comerciante libanês suspeito de operar no sistema hawala, uma rede internacional que movimenta bilhões. A PF confirmou transações do acusado para carteiras vinculadas a essa apreensão, incluindo o envio de 100 mil unidades do token USDT em novembro de 2022.

A investigação também revelou que Dante Felipini realizou uma operação de US$ 150 mil em USDT em maio de 2022, enviada a uma das carteiras sancionadas por Israel. Em conversas, ele demonstrou pouco interesse em saber o destino dos fundos, afirmando ser um “facilitador” e reconhecendo um “compliance ruim”.

Ligação com outros Investigados e Esquema Financeiro

Além disso, Felipini foi identificado com ligações ao comerciante sírio Mohamad Khir Abdulmajid e ao médico libanês Hussein Abdallah Kourani, ambos denunciados pelo MPF na Operação Trapiche por financiamento ao Hezbollah. Abdulmajid, foragido e com difusão vermelha da Interpol, é acusado de vender cigarros eletrônicos contrabandeados e recrutar brasileiros para o Hezbollah. A denúncia contra Felipini e os outros dois foi acolhida pela Justiça em 2024.

A PF comprovou que Felipini tinha pleno conhecimento dos riscos de suas atividades e entendia que os clientes buscavam alternativas aos meios oficiais para ocultar a origem criminosa de valores. Ele era o responsável pela Makes Exchange Serviços Digitais, que movimentou mais de R$ 13,2 bilhões entre 2017 e 2021. A empresa realizou inúmeras transações, com parte dos fundos passando por contas da própria Makes em uma manobra para camuflar a origem dos recursos. Felipini também teria realizado transações com empresas investigadas por tráfico transnacional de drogas.

Continuação das Operações e Nova Empresa

Mesmo após ser alvo da Operação Colossus em 2022, Felipini continuou a operar criando a empresa Etnad Ednarg Trading, com o nome “Dante Grande” escrito ao contrário, registrada em nome de um borracheiro com rendimento modesto. Através desta empresa, apenas via Pix, foram movimentados cerca de R$ 1,4 bilhão entre dezembro de 2022 e outubro de 2023. A PF considerou os indícios de fraude claros, dada a expressiva movimentação financeira de uma empresa de pequeno porte com um sócio de pouca renda.

Felipini, que se mudou para Dubai em 2022 após ter sofrido tentativas de sequestro e extorsão em São Paulo, retornou ao Brasil em dezembro de 2023 para visitar a família. Sem saber que as investigações da PF haviam prosseguido, foi preso ao tentar viajar novamente. Ele alegou ter autorização para operar em Dubai e que lucrava com a diferença de preço na compra de criptoativos nos EUA e venda no Brasil, sempre com nota fiscal e seguindo normas de prevenção à lavagem de dinheiro. Negou também esconder registros de operações de câmbio.

Fonte: Estadão

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