Eleições na Argentina: O que os mercados esperam do pleito de 26 de outubro

Eleições na Argentina: entenda o que os mercados esperam do pleito de 26 de outubro, com foco em políticas fiscais, cambiais e impacto no índice Merval.
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A demonstrator waves a flag while taking part in a march to defend public universities, after Argentina's President Javier Milei vetoed laws to boost funding for pediatric hospitals and public universities, citing efforts to rein in public spending, in Buenos Aires, Argentina September 17, 2025. REUTERS/Francisco Loureiro

As eleições legislativas na Argentina, marcadas para 26 de outubro, ocorrem em um cenário de alta volatilidade econômica e política. Após dois anos de forte desempenho das ações argentinas, o ano atual é de incertezas sobre a continuidade das políticas fiscais e cambiais. Com prêmios de risco soberano acima de 1.000 pontos base, o ceticismo dos investidores é evidente, conforme aponta o Itaú BBA.

O banco ressalta que a Argentina conseguiu reduzir os gastos fiscais em 10,5% do produto interno bruto (PIB) ao longo de alguns anos, um feito reconhecido internacionalmente como um sucesso. No entanto, o grande desafio reside na transição de um modelo baseado em políticas fiscais e monetárias expansivas para um focado em investimento. O retorno deste último modelo leva tempo para se materializar, enquanto os cortes fiscais têm um efeito imediato.

Política Fiscal: Consolidação e Desafios

A política fiscal continua sendo um ponto central para o BBA. Os cortes implementados nos últimos anos reduziram as despesas em 10,5% do PIB, e o governo busca consolidar avanços na tributação e na redução de despesas. Contudo, alguns impostos distorcivos, como os que incidem sobre faturamento, transações financeiras e exportações, ainda geram tensão entre os interesses de setores dependentes de Transferências governamentais e a necessidade premente de manter o equilíbrio fiscal.

Política Cambial: Produtividade vs. Depreciação

Outro ponto crítico em análise é a futura política cambial, segundo o BBA. O Governo aposta em aumentar a produtividade e conter gastos como alternativas à depreciação da moeda. Enquanto isso, o mercado sinaliza a necessidade de maior flexibilidade cambial.

Com reservas limitadas e uma dependência significativa de linhas de apoio do Tesouro dos EUA, a evolução da taxa de câmbio real será um fator determinante para as taxas de juros, o consumo e o apetite dos investidores. A análise indica que a forma como o governo argentino lidará com essas questões terá reflexos diretos no comportamento do Mercado.

O Cenário Eleitoral e o Impacto nos Mercados

A fragmentação política na Argentina implica que coalizões pró-mercado ou alinhadas ao governo podem obter uma minoria de bloqueio no Congresso com cerca de 30% a 35% dos votos. Essa proporção garante capacidade de veto sobre legislações estratégicas. No entanto, a aprovação de reformas mais amplas exigirá a formação de alianças robustas, especialmente com governadores e no Senado, tornando a distribuição de votos por província um fator crucial.

Para o mercado de ações, o índice Merval já registrou um recuo de 45% em relação ao pico do ano passado, refletindo o clima de cautela. Analistas apontam que um resultado eleitoral favorável às forças pró-mercado, acompanhado da preservação do superávit fiscal, poderia impulsionar uma recuperação significativa. Isso se traduziria em maior demanda por pesos argentinos, taxas de juros mais baixas e a possível retomada do acesso ao mercado financeiro internacional.

Por outro lado, uma eleição desfavorável poderia agravar a pressão sobre as reservas, o câmbio e a confiança dos investidores. Nesse cenário, o Merval poderia atingir níveis ainda mais baixos, situando-se entre 500 e 700 pontos. Assim, as eleições de 26 de outubro representam um teste crucial para a confiança do mercado argentino, impactando diretamente as políticas fiscais e cambiais, o desempenho do setor de consumo e a trajetória das ações no curto e médio prazos, de acordo com a avaliação do BBA.

Fonte: InfoMoney

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