O economista James Robinson, agraciado com o Nobel de Economia em 2024, alertou que a economia mundial sofrerá transformações significativas na próxima década. Essa projeção se baseia, em parte, nos efeitos do recente tarifaço imposto pelos Estados Unidos aos seus parceiros comerciais.
Robinson, que dividiu o prêmio com Daron Acemoglu e Simon Johnson por seus estudos sobre a influência das instituições na prosperidade nacional, observou um profundo processo de desgaste da democracia e acirramento da divisão cultural nos EUA.
“Em relação aos EUA, eles não vão voltar à mentalidade do [Joe] Biden, não. Esta é a nova realidade dos EUA”, declarou o economista durante o evento Global Voices, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em São Paulo. 
O Nobel destacou que a população norte-americana, ao não perceber benefícios diretos do desenvolvimento do país, contribui para essa mudança de paradigma. “O mundo vai mudar, as relações diplomáticas vão mudar. No Brasil, vocês têm 12% de exposição [à economia americana], e já se ajustaram. Eu tenho meus comentários sobre o BRICS, mas pelo menos é uma reorganização”, pontuou Robinson.
Desmoronamento da Democracia nos EUA
Robinson analisou as causas do atual desmoronamento da democracia nos EUA, intensificado pela ascensão do Governo Donald Trump. Ele argumenta que a ausência de confiança mútua impede que os cidadãos se mobilizem ativamente para defender a democracia.
“Teve uma pesquisa em que perguntaram às pessoas se os políticos se importavam com pessoas como elas, e 85% das pessoas disseram que não. Como você pode ter uma democracia assim? Isso faz com que o resultado das eleições vá abaixo”, disse.
O economista citou ainda que, em outra pesquisa, as palavras mais usadas para descrever a política nos EUA foram: “divisiva, corrupta, ruim, caos, polarizada, triste, disfuncional”.
Patentes como motor de Criatividade e Inovação
Segundo Robinson, a democracia é um catalisador do desenvolvimento econômico, impulsionando investimentos em serviços públicos essenciais como saúde e educação. Essa melhora se reflete em indicadores como o aumento de matrículas escolares e o Acesso ao ensino médio, o que, por sua vez, eleva a produtividade geral.
Ele explicou que sua pesquisa demonstrou um impacto positivo da democracia nos investimentos públicos, culminando em benefícios diretos para a educação e a produtividade. As patentes, em particular, são vistas como um estímulo crucial para a criatividade e a inovação, componentes fundamentais para o progresso econômico sustentável.
Fonte: InfoMoney
