A economia chinesa apresentou uma desaceleração significativa no terceiro trimestre deste ano, com o Produto Interno Bruto (PIB) registrando um crescimento de 4,8%. Este índice é inferior aos 5,4% do primeiro trimestre e aos 5,2% do segundo. Paralelamente, a exportação de terras raras, um mineral crucial para diversas indústrias de alta tecnologia, sofreu uma queda de 6,1% em setembro em comparação com agosto, após três meses consecutivos de superávit.

Esses indicadores refletem o impacto crescente da guerra comercial entre a China e os Estados Unidos. Enquanto as tarifas impostas pelos EUA reduzem o volume de exportações chinesas, as contramedidas de Pequim, especialmente em relação aos minerais estratégicos como as terras raras, afetam ambas as economias.
Crescimento Chinês Abaixo das Expectativas e Metas
Os dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas da China confirmam uma trajetória de arrefecimento na maior economia asiática. Apesar da desaceleração, o país mantém o objetivo de alcançar um crescimento anual do PIB de 5% em 2025. O desempenho no último trimestre do ano será determinante para atingir essa meta. A mídia estatal chinesa tem destacado o bom desempenho da produção agrícola, o rápido crescimento industrial e a evolução constante do setor de serviços, buscando apresentar um quadro positivo apesar dos desafios.
Analistas indicam que a desaceleração e as tensões comerciais devem ser temas centrais na sessão plenária do Comitê Central do Partido Comunista Chinês, que ocorre em Pequim. Nesta reunião, as lideranças do regime devem definir as diretrizes de desenvolvimento e o peso das exportações e importações com os EUA no próximo plano quinquenal, a ser estabelecido nesta semana.
Terras Raras: A Nova Fronteira da Guerra Comercial
A queda nas exportações de terras raras é um reflexo direto das recentes medidas de Pequim. Em setembro, o Governo chinês implementou uma nova política que exige licenças de exportação para todos os produtos fabricados no exterior que utilizem terras raras de origem chinesa. Essa decisão elevou a tensão na disputa comercial com os Estados Unidos, levando o presidente Donald Trump a considerar a imposição de tarifas adicionais de 100% a partir de 1º de novembro.

Diante da hegemonia chinesa no processamento de terras raras – detendo cerca de 90% do Mercado global e 60% das reservas –, países como os Estados Unidos e nações europeias buscam alternativas. Uma resposta inicial veio por meio de um acordo entre os EUA e a Austrália, prevendo um investimento de até US$ 8,5 bilhões (R$ 45 bilhões) no processamento desses minerais. Contudo, especialistas apontam que, no curto prazo, este acordo não representa uma ameaça significativa à soberania chinesa no setor.
Perspectivas de Encontro e Negociação
Os movimentos atuais ocorrem em um momento estratégico, às vésperas de um possível encontro entre o presidente Donald Trump e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, durante a cúpula da APEC (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico) na Coreia do Sul. A expectativa é que os líderes aproveitem a agenda paralela para discutir as tarifas, os controles de exportação e outros temas críticos que moldaram as relações bilaterais nos últimos meses.
Fonte: Folha de S.Paulo