Drex do Banco Central: Entenda a Decisão Sobre o Futuro da Tokenização

Entenda por que o Banco Central decidiu abandonar temporariamente a DLT no Drex e o que isso significa para o futuro da tokenização de ativos no Brasil.
Drex Banco Central — foto ilustrativa Drex Banco Central — foto ilustrativa

O Drex, projeto piloto do Banco Central (BC) para a tokenização de ativos financeiros tradicionais, encerrou suas duas primeiras fases. A iniciativa, porém, não significa o fim do projeto, apesar do anúncio de abandono temporário da tecnologia de registro distribuído (DLT).

O BC informou que a terceira fase do Drex, prevista para o próximo ano, focará na conciliação de gravames. O objetivo é permitir que ativos registrados em corretoras sejam utilizados como garantia de crédito. A tecnologia empregada nesta nova etapa não será a DLT, base das blockchains de criptomoedas.

A autoridade monetária declarou que não desistiu totalmente da DLT. O recuo visa garantir uma entrega mais rápida de um dos principais objetivos do Drex: a redução do custo de crédito no Brasil. O uso da DLT enfrentou desafios na criação de uma tecnologia que mantivesse o sigilo das operações, algo crucial para o sistema financeiro, sem comprometer a visibilidade do BC sobre as transações.

Embora diversas soluções tenham sido testadas, os resultados não atenderam a todos os requisitos para a fase de entrega. Atualmente, 16 consórcios participam do projeto Drex, a maioria composta por bancos, devido ao requisito de conexão à Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN).

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) assegurou que o projeto continua em andamento, mesmo com as mudanças de modalidade. “A Febraban segue firmemente integrada ao grupo de apoio à criação da plataforma Drex e continua trabalhando com o Acordo de Cooperação Técnica (ACT), que permanece em andamento”, declarou a entidade.

Carlos Netto, CEO da Matera, empresa de tecnologia para instituições financeiras, ressalta a importância deste momento para que o setor privado aproveite a oportunidade de desenvolver suas próprias iniciativas de tokenização e stablecoin. Ele lembra que, com o PIX, o BC demonstrou sua disposição em intervir quando a iniciativa privada demora a inovar.

Desafios da DLT e Perspectivas Futuras para o Drex

A complexidade em conciliar o sigilo das transações com a necessária transparência regulatória foi um dos principais obstáculos para a adoção da DLT na infraestrutura do Drex. O Banco Central buscou incessantemente por soluções que pudessem atender a ambos os requisitos, mas a tecnologia, em sua forma atual em blockchains públicas, não se mostrou completamente adequada para a escala e a natureza das operações financeiras tradicionais no Brasil.

A decisão de priorizar a entrega de funcionalidades mais imediatas, como a conciliação de gravames, demonstra a pragmática abordagem do BC em garantir que o projeto Drex traga benefícios tangíveis para o mercado financeiro. A tokenização de ativos é vista como um passo fundamental para modernizar o sistema, reduzir burocracias e, consequentemente, diminuir os Custos para o consumidor final.

Iniciativa Privada e o Futuro da Tokenização no Brasil

Em paralelo às ações do Banco Central, o setor privado tem um papel crucial no desenvolvimento do ecossistema de tokenização. A declaração de Carlos Netto, CEO da Matera, é um chamado à ação para que empresas e instituições financeiras invistam em suas próprias soluções. A experiência do PIX, que nasceu em parte pela ausência de iniciativas privadas robustas, serve como um alerta para que o Mercado não perca o timing de desenvolver a nova geração de serviços financeiros digitais.

A expectativa é que, com o avanço da infraestrutura e a clareza regulatória proporcionada pelo Banco Central, o mercado de tokenização de ativos no Brasil ganhe força. A continuidade do projeto Drex, mesmo que com ajustes de rota, reforça a visão de um futuro financeiro mais eficiente e acessível, impulsionado pela inovação tecnológica e pela colaboração entre o regulador e o setor privado.

Fonte: Valor Econômico

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