O dólar à vista fechou em queda nesta quarta-feira, devolvendo parte da alta registrada no dia anterior. A movimentação acompanhou o cenário internacional, onde houve uma desvalorização generalizada da moeda americana. No Brasil, a magnitude da queda foi ainda maior, com o real se destacando entre as divisas globais mais líquidas.
Gestores atribuem o desempenho positivo do real a dois fatores principais: os juros elevados no Brasil e a expectativa de que o Banco Central mantenha uma postura conservadora em sua política monetária. Essa combinação favorece o real em momentos de maior apetite por risco nos mercados globais.
Ao final do pregão, o dólar à vista registrou uma queda de 0,70%, sendo negociado a R$ 5,3609. O euro comercial também apresentou desvalorização, caindo 0,63% e fechando a R$ 6,1575. No mercado Internacional, o índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de moedas fortes, recuou 0,04%.
Contexto Global e Local Impulsionam o Real
A fraqueza do dólar foi observada desde o início das negociações, com a moeda americana operando perto da estabilidade na abertura e, em seguida, apresentando um recuo mais acentuado. O maior apetite global por risco beneficiou moedas ligadas a commodities e divisas emergentes com retornos mais altos, como o real brasileiro. Os juros altos praticados no Brasil continuam sendo um atrativo adicional para investidores.
Para o Commerzbank, a decisão do Banco Central brasileiro sobre a taxa de juros não deve trazer surpresas. O banco projeta que qualquer corte nos juros só ocorrerá em 2026. No entanto, a manutenção de uma política monetária restritiva tende a favorecer o real, conforme apontam os analistas.
Estrategistas do BBVA corroboram essa visão, afirmando que a manutenção da taxa de juros já está precificada pelo mercado. A instituição destaca que a comunicação do Banco Central sobre suas perspectivas futuras para a política monetária (o chamado ‘guidance’) será o ponto mais crucial a ser observado.
A sessão também foi marcada pela divulgação do fluxo cambial da semana passada e do mês de outubro. Os dados mostraram uma entrada líquida de US$ 5,7 bilhões, um resultado considerado positivo. Esse ingresso de capital aliviou a pressão sobre o cupom cambial, que é um indicador da liquidez no mercado de câmbio brasileiro.
O alívio foi evidenciado na redução do spread do cupom cambial, que representa a diferença entre as taxas de juros em dólar no Brasil e o rendimento de títulos americanos de mesma maturação. Atualmente, esse spread está operando entre 0,70% e 0,80%, bem abaixo dos níveis observados em momentos de maior estresse no mercado, quando chegou a ultrapassar 2,20%.
A expectativa é que a decisão do Copom, o comitê de política monetária do Banco Central, seja acompanhada de perto. Qualquer sinal de mudança na trajetória futura dos juros pode impactar a dinâmica do câmbio nas próximas semanas.
Fonte: Valor Econômico