Dólar em alta: Cautela global e tensões EUA-China moldam mercado

Dólar opera em meio a cautela global com tensões EUA-China e viagem de Lula. Alta do petróleo impacta Petrobras. Entenda o cenário.
Dólar — foto ilustrativa Dólar — foto ilustrativa

O dólar iniciou a sessão desta quinta-feira (23) sob forte influência do cenário Internacional e de tensões geopolíticas. A moeda americana opera em meio a expectativas divididas entre a agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Ásia, os desdobramentos das negociações entre Estados Unidos e China e a paralisação do Governo americano. A alta expressiva do petróleo adiciona um elemento de volatilidade, com potenciais reflexos sobre as ações da Petrobras.

Encontro Lula-Trump em Foco

A viagem presidencial à Ásia ganha contornos de destaque com o encontro previsto entre Lula e Donald Trump neste domingo (26), na Malásia. A agenda bilateral deve incluir discussões sobre tarifas comerciais e as sanções americanas impostas a autoridades brasileiras, fundamentadas na Lei Magnitsky. Autoridades em Brasília veem o encontro como um potencial divisor de águas na relação entre Brasil e EUA, capaz de destravar negociações comerciais e fortalecer o diálogo político, buscando superar a atual crise diplomática.

Gráfico do dólar e Ibovespa, indicando a volatilidade do mercado financeiro.
Análise dos movimentos do dólar e Ibovespa.

EUA: Paralisação e Impacto Econômico

O governo dos Estados Unidos completa hoje 22 dias de paralisação, sem indícios de um acordo entre democratas e republicanos. Este shutdown já se configura como o segundo mais longo da história americana, com receios de que ultrapasse o Recorde anterior de 35 dias. A disputa central reside na renovação dos subsídios ampliados do Affordable Care Act (ACA), que, ao expirarem, podem elevar os custos de saúde para aproximadamente 22 milhões de americanos. Os democratas condicionam o fim da paralisação à aprovação do prolongamento desses benefícios, enquanto os republicanos, sob a influência de Donald Trump, recusam negociar sob o que chamam de “chantagem política”.

Milhares de servidores federais se preparam para a possibilidade de não receberem o primeiro salário integral desde o início do fechamento parcial. Embora a lei preveja pagamento retroativo, incertezas sobre o cumprimento dessa regra amplificam o clima de instabilidade. Trump tem aproveitado o impasse para reforçar sua agenda de redução do Estado, com promessas de cortes de gastos e demissões. A Casa Branca alertou para a escassez de recursos em programas de assistência alimentar e até para o pagamento das forças armadas, caso o bloqueio persista.

Petróleo em Alta e Reflexos na Petrobras

Os preços do petróleo dispararam mais de 5% nesta manhã, ultrapassando a marca de US$ 65 o barril. O avanço é consequência das novas sanções impostas pelos Estados Unidos e União Europeia contra a Rússia. Essa alta na commodity tende a impulsionar as ações da Petrobras, espelhando o desempenho positivo registrado pelos recibos da estatal (ADRs) em Nova York.

Preços do petróleo em alta no mercado internacional.
Cotações do petróleo em ascensão.

Bolsas Globais e Cenário Político

Em Wall Street, os principais índices fecharam em queda, com investidores monitorando uma nova leva de balanços corporativos. O Dow Jones recuou 0,71%, o S&P 500 perdeu 0,52%, e o Nasdaq caiu 0,93%. As bolsas europeias também encerraram o pregão em baixa, interrompendo uma sequência de ganhos, em virtude de resultados corporativos abaixo do esperado, especialmente nos setores de luxo e bens pessoais. A exemplo da L’Oréal e Hermès.

No cenário político, novos ataques russos à Ucrânia e o fracasso nas tentativas de paz de Trump impulsionaram ações de empresas ligadas à Defesa, como Rheinmetall e Hensoldt. O índice STOXX 600 recuou 0,2%, com quedas em Frankfurt (-0,74%) e Paris (-0,63%), e alta em Londres (+0,93%).

Os mercados asiáticos fecharam majoritariamente em queda, pressionados pelas tensões comerciais entre China e EUA, e pela desvalorização do ouro. O índice de Xangai recuou 0,07%, o CSI300 caiu 0,33%, e o Hang Seng, de Hong Kong, perdeu 0,94%. No Japão, o Nikkei teve leve baixa de 0,02%, enquanto o Kospi, da Coreia do Sul, subiu 1,56%.

Desempenho das bolsas globais em meio à instabilidade.
Volatilidade marcada nos mercados internacionais.

Orçamento 2026 e Medidas Fiscais

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo enviará ao Congresso Nacional dois projetos de lei para fechar o Orçamento de 2026. Um dos projetos visa medidas de arrecadação, incluindo o aumento da tributação sobre apostas esportivas (bets), enquanto o outro contemplará ações de contenção de gastos, como alterações no seguro-defeso. Anteriormente, uma medida provisória com objetivos semelhantes enfrentou resistência no Congresso e perdeu a validade.

Haddad estima que há maior apoio para a aprovação das medidas de corte de gastos, que somam R$ 15 bilhões. A estratégia é integrar essas propostas a um projeto já em tramitação na Câmara dos Deputados. Já a parte de aumento de receita, estimada em R$ 20 bilhões, incluindo a tributação sobre fintechs e juros sobre capital próprio, pode enfrentar novas objeções.

Palácio do Planalto em Brasília, sede do governo brasileiro.
Orçamento de 2026 em discussão no Congresso.

Desempenho do Mercado Interno

A semana registra um leve recuo de 0,15% para o dólar, enquanto o acumulado do mês aponta para uma alta de 1,40%. No ano, a moeda americana acumula uma desvalorização de 12,67%. Em contrapartida, o Ibovespa mostra um desempenho positivo na semana, com alta de 1,03%, apesar de um recuo de 0,93% no acumulado do mês. No ano, o principal índice da bolsa brasileira ostenta uma valorização expressiva de 20,44%.

Fonte: G1

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