O dólar iniciou o dia em queda nesta quinta-feira (16), sendo negociado a R$ 5,4465 por volta das 9h05. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, aguarda a abertura oficial às 10h.


Investidores estão atentos às negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos sobre o chamado “tarifaço”, além das tensões entre Washington e Pequim, e aos novos dados de atividade econômica divulgados no Brasil. Estes fatores devem moldar o humor dos mercados ao longo do dia.
Negociações Comerciais e Tensão Internacional
As tratativas tarifárias entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado americano, Marco Rubio, estão em destaque. O Mercado busca sinais sobre possíveis ajustes nas relações comerciais entre os dois países.
Internacionalmente, as tensões entre Washington e Pequim voltaram a escalar. A imprensa oficial chinesa respondeu a Críticas dos EUA sobre o controle das exportações de terras raras, defendendo sua política industrial. Na véspera, o representante comercial americano, Jamieson Greer, criticou as novas restrições da China, alertando que Pequim poderia evitar tarifas elevadas caso recuasse de medidas previstas para novembro.
Cenário Econômico Brasileiro
No Brasil, a divulgação do IBC-Br de agosto, uma prévia do PIB, é um dos principais focos. O indicador será observado de perto, especialmente após a derrubada da medida provisória que compensaria perdas de arrecadação com o aumento do IOF, reacendendo preocupações fiscais.
As vendas no varejo brasileiro registraram um avanço em agosto, conforme o esperado, interrompendo uma sequência de quatro resultados negativos. No entanto, o setor continua apresentando variações mensais modestas, em um contexto de política monetária restritiva e arrefecimento da atividade econômica. Em agosto, as vendas no varejo aumentaram 0,2% em relação a julho e 0,4% na comparação anual. Entre as oito atividades pesquisadas, cinco apresentaram resultados positivos, incluindo equipamentos de escritório, informática e comunicação, e artigos farmacêuticos, médicos e de perfumaria.
O IBGE apontou que a forte influência do dólar na desvalorização em agosto impulsionou os produtos de informática. Por outro lado, livros, jornais e revistas, combustíveis e lubrificantes, e outros artigos de uso pessoal e doméstico tiveram taxas negativas.
Impacto do “Livro Bege” do Fed
O Federal Reserve (Fed) indicou que a atividade econômica nos EUA se alterou pouco nas últimas semanas, com o nível de emprego praticamente estável, apesar de mais empresas reportarem demissões. O relatório “Livro Bege” apontou que mais empregadores relataram queda de funcionários devido à demanda mais fraca, incerteza econômica elevada e aumento do investimento em tecnologias de Inteligência Artificial. Contudo, a oferta de mão de obra em setores como hotelaria e construção foi afetada por mudanças recentes nas políticas de imigração.
Com a paralisação do Governo americano, que já se estende por 15 dias e ameaça se tornar a mais longa da história, o “Livro Bege” ganha maior relevância para as deliberações do Fed. O presidente do Fed, Jerome Powell, destacou que as perspectivas para a inflação e o mercado de trabalho pouco mudaram desde a última decisão de corte de juros, embora o crescimento econômico tenha surpreendido positivamente.
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que o presidente Donald Trump está pronto para se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping, e que autoridades de ambos os países trabalham para agendar um encontro. Bessent ressaltou que os EUA não desejam intensificar o conflito com a China nem se dissociar da segunda maior economia mundial.
Stephen Miran, diretor do Fed, comentou que as novas tensões comerciais com a China representam riscos negativos e reforçam a urgência do Federal Reserve em cortar sua taxa de juros.
Desdobramentos da Paralisação Governamental nos EUA
A paralisação do governo dos Estados Unidos chegou ao 15º dia, com o presidente Donald Trump e republicanos no Congresso mantendo a estratégia de pressionar os democratas. Trump anunciou a divulgação de uma lista de programas democratas encerrados durante o shutdown, que não serão retomados, alterando a estrutura de gastos públicos.
A Casa Branca prepara novas demissões, ampliando o impacto da paralisação sobre o funcionalismo federal. No Senado, uma nova votação está marcada para aprovar uma proposta que reabriria o governo até 21 de novembro, mas a expectativa é de que o projeto não alcance os votos necessários.
Trump afirma estar aproveitando o momento para cortar gastos e enfraquecer programas considerados prejudiciais, declarando que os democratas estão “perdendo” com a paralisação.
Análise de Mercados Globais
Wall Street fechou mista na quarta-feira, com o Dow Jones Industrial Average em leve queda, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq Composite avançaram. Comentários do presidente do Fed, Jerome Powell, reforçaram apostas em corte de juros. No entanto, tensões comerciais entre EUA e China geraram cautela.
As bolsas europeias apresentaram resultados mistos, com o STOXX 600 em alta, mas o DAX (Alemanha) e o FTSE 100 (Reino Unido) em queda. O CAC 40 (França) liderou os ganhos.
As bolsas asiáticas fecharam em alta, impulsionadas pela expectativa de novos estímulos econômicos na China, apesar das tensões comerciais com os EUA. Xangai, CSI300, Hong Kong, Tóquio, Seul, Taiwan, Cingapura e Sydney registraram ganhos significativos.
Fonte: G1