O dólar iniciou a sessão desta quinta-feira (9) em queda. Por volta das 9h25, a moeda americana recuava 0,32%, cotada a R$ 5,3274. O principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, abriu às 10h.


Investidores e analistas acompanham de perto os desdobramentos econômicos e políticos no Brasil e no exterior. Internamente, o foco está na divulgação da inflação de setembro e nas movimentações do Congresso Nacional. Globalmente, a atenção se volta para os discursos de autoridades do Federal Reserve (Fed) e os desdobramentos no Oriente Médio.
Inflação de Setembro no Brasil
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, registrou alta de 0,48% em setembro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de representar a maior elevação mensal desde março deste ano (0,56%), o resultado veio ligeiramente abaixo das projeções de Mercado, que antecipavam 0,52% para o mês e 5,22% no acumulado anual. Em 12 meses, o índice acumulado atingiu 5,17%, também abaixo da expectativa de 5,22%. O acumulado de 2025 já soma 3,64%.
O principal fator por trás dessa alta foi o aumento na tarifa de energia elétrica residencial. Após uma deflação de 4,21% em agosto, o preço da energia subiu 10,31% em setembro, impulsionado pelo fim do Bônus de Itaipu. Este item sozinho representou o maior impacto individual, de 0,41 ponto percentual, na taxa de setembro.
Três dos nove grupos pesquisados pelo IBGE apresentaram queda em setembro: Alimentação e Bebidas (-0,26%), Artigos de residência (-0,40%) e Comunicação (-0,17%). Em contrapartida, seis grupos registraram alta, com destaque para Habitação (2,97%), impulsionada pela energia elétrica.
Derrota do Governo com MP do IOF
A Câmara dos Deputados infligiu uma derrota ao Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao deixar perder a validade a medida provisória que visava aumentar tributos e impulsionar a arrecadação. A MP 1.303, vista como alternativa ao IOF, sequer chegou a ter seu mérito votado, sendo retirada de pauta por decisão da maioria dos deputados. O placar foi de 251 votos a 193.
Essa medida era crucial para o governo atingir o superávit fiscal previsto para o próximo ano, em meio a um cenário de eleições presidenciais. A perda de validade da MP pode gerar um rombo de R$ 46,5 bilhões nas contas públicas até 2026, sendo R$ 31,5 bilhões de frustração de receitas e R$ 15 bilhões de cortes orçamentários que também deixaram de valer.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que o governo já trabalha em alternativas para compensar a perda da arrecadação. Ele afirmou que apresentará opções ao presidente Lula para que ele decida o melhor caminho. “Nós temos tempo, nós vamos usar esse tempo para avaliar com muito cuidado cada alternativa”, declarou Haddad.
Este não é o primeiro revés do governo na tentativa de elevar a carga tributária. Em junho, o Congresso derrubou o aumento do IOF, que só foi parcialmente retomado por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Sinais do Fed e Paralisação nos EUA
Nos Estados Unidos, a ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed) revelou que as autoridades concordaram que os riscos ao mercado de trabalho americano haviam aumentado, justificando um corte na taxa de juros. No entanto, muitos ainda demonstram cautela com a persistência da inflação alta, gerando um debate sobre o impacto dos juros elevados na economia.
A ata indicou que “a maioria dos participantes observou que era apropriado mudar a taxa básica em direção a uma configuração mais neutra, porque eles julgaram que os riscos de baixa para o emprego haviam aumentado”. Contudo, a maioria também “enfatizou os riscos de alta em suas perspectivas para a inflação”.
Enquanto isso, a paralisação do governo dos EUA segue pelo oitavo dia. O presidente Donald Trump ameaçou não pagar salários atrasados aos funcionários públicos afastados, aumentando a pressão sobre os democratas. A Falta de dados oficiais devido ao “shutdown” também impacta a análise econômica, com discursos de autoridades do Fed — como Jerome Powell — ganhando ainda mais relevância.
Mercados Globais em Movimento
As bolsas globais apresentaram reações mistas. Em Wall Street, os mercados americanos subiram, impulsionados pelas expectativas de corte de juros após a divulgação da ata do Fed. O S&P 500 avançou 0,60% e o Nasdaq registrou alta de 1,12%.
Na Europa, as bolsas atingiram máximas recordes, com forte desempenho nos mercados francês e espanhol. A União Europeia anunciou planos para reduzir tarifas de importação de aço, beneficiando as siderúrgicas.
A incerteza política na França continua no centro das atenções, mas o primeiro-ministro interino demonstrou otimismo sobre um acordo orçamentário. O STOXX 600 subiu 0,8%, e o CAC 40 francês avançou 1,07%.
Na Ásia, os mercados fecharam em queda, especialmente em Hong Kong, onde as ações de tecnologia puxaram os índices para baixo. O Hang Seng caiu 0,48% e o Nikkei de Tóquio recuou 0,45%.
O Brent, petróleo referência mundial, recuava 0,33%, cotado a US$ 66,02 por barril, com o início de um plano de cessar-fogo entre Israel e Hamas reduzindo riscos ao fornecimento global.


Fonte: G1