Discriminação LGBTQIA+: Impacto Real nos Dados Econômicos Brasileiros

Descubra como a discriminação afeta a inserção e a renda da população trans no mercado de trabalho brasileiro, segundo dados inéditos do Ipea.
Discriminação LGBTQIA+ — foto ilustrativa Discriminação LGBTQIA+ — foto ilustrativa

Um levantamento inédito do Ipea lança luz sobre a inserção da população trans no Mercado de trabalho formal brasileiro. Apesar do crescente foco no debate político, os dados revelam que pessoas trans ganham, em média, um terço a menos que pessoas não trans. Apenas 25% possuem emprego com carteira assinada, um índice ligeiramente inferior aos 32% registrados entre a população não trans.

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Análise sobre os desafios da população trans no mercado de trabalho.

Aceitação Social e Dados Econômicos

Observa-se uma possível maior aceitação nos últimos anos, refletida nos dados do Ipea. A participação de pessoas trans no mercado formal não se mostra tão aquém da de não trans quanto se poderia imaginar. Isso pode ser explicado pela transição de gênero de indivíduos mais escolarizados e com melhor posicionamento socioeconômico, elevando sua participação no mercado.

O esforço do Ipea é crucial, especialmente considerando a difusão, nos últimos anos, de informações menos embasadas, como a de que 90% das pessoas transexuais e travestis estariam na prostituição. Os números atuais do Ipea sugerem a presença de um “paradoxo”: a discriminação é patente, mas seu reflexo nos dados econômicos não é total.

Análise de Discriminação e Contexto Global

Em países ricos, estudos indicam que mulheres lésbicas tendem a ganhar mais que as heterossexuais, mesmo com níveis de escolaridade e idade similares. Menos afetadas pela penalidade da maternidade, sua inserção profissional pode ser mais vantajosa, apesar da discriminação.

A presença de Crianças em domicílios, mais comum em famílias cis e heterossexuais, está associada a uma pior inserção profissional dos adultos. Por isso, dados como os do Ipea exigem cautela. Comparar pessoas trans e não trans com composições domiciliares semelhantes será fundamental para refletir a discriminação sofrida por pessoas trans no trabalho.

Invisibilidade e Vulnerabilidades Persistentes

Pesquisadores do Ipea, como Filipe Cavalcanti, Felipe Pateo e Alberto Filho, apontam uma limitação do estudo: ele alcançou apenas aqueles que retificaram documentos oficiais. Os demais permanecem invisíveis. Embora não seja possível determinar se são a maioria, é especulativo que estejam em situação socioeconômica pior, dado que a retificação documental pode ser mais difícil para quem tem menor Acesso à informação e recursos.

Um estudo anterior do Instituto Cactus, em Parceria com a Atlas, já havia evidenciado que 64% dos trans ganham menos de R$ 2 mil, o dobro da taxa de não trans, e enfrentam maiores problemas de saúde mental. A inclusão de questões de bem-estar subjetivo em pesquisas futuras do IBGE, seguindo exemplos internacionais, poderia iluminar essas e outras vulnerabilidades.

Fonte: Estadão

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