Direita em Silêncio: Lula e Trump se Reúnem e Pré-Candidatos Ignoram

Pré-candidatos da direita reagem com silêncio ao encontro de Lula com Trump para reverter tarifaço americano. Entenda as possíveis razões.
Governadores aliados da direita/centro-direita em evento no estado de São Paulo, em foto contextualizando o artigo sobre o silêncio diante do encontro de Lula com Trump. Governadores aliados da direita/centro-direita em evento no estado de São Paulo, em foto contextualizando o artigo sobre o silêncio diante do encontro de Lula com Trump.

Pré-candidatos da direita e centro-direita à Presidência em 2026, incluindo governadores de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul, optaram pelo silêncio após o encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump. O objetivo da reunião foi buscar a reversão do recente tarifaço imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. A postura contrasta com as Críticas anteriores desses governadores ao governo federal sobre a negociação comercial com os EUA.

A Tensão do Tarifaço e as Críticas Anteriores

Em julho, quando o governo americano anunciou a sobretaxa de 50% sobre exportações brasileiras, os governadores em questão foram críticos à abordagem de Lula, considerando que ela poderia interditar negociações com Trump. Eles chegaram a cobrar publicamente o diálogo entre os dois países. São Paulo, um dos estados mais afetados, viu seu governador Tarcísio de Freitas inicialmente alinhar-se a declarações de Trump, justificando a medida como retaliação a ações do governo brasileiro. No entanto, após críticas de empresários, Tarcísio recuou e passou a culpar o presidente Lula pela taxação, cobrando telefonemas e encontros entre os presidentes.

Ainda em julho, Tarcísio defendeu um encontro entre os presidentes para negociar o fim do tarifaço. Em setembro, voltou a insistir na necessidade desse diálogo. Agora, após a confirmação do encontro amistoso entre Lula e Trump, o governador segue sem se manifestar publicamente sobre o tema, priorizando outros assuntos em suas redes sociais, como o título da Ponte Preta no Futebol e a eleição na Argentina.

Governadores aliados da direita/centro-direita em evento no estado de São Paulo.
Governadores da direita/centro-direita em evento.

Silêncio Político e Outras Prioridades

Outros governadores cotados para 2026 também mantêm silêncio. Romeu Zema (Minas Gerais) usou suas redes para comentar o avanço da bancada do presidente Javier Milei nas eleições legislativas argentinas, escrevendo: “A Argentina resolveu virar a página da esquerda”. Caiado (Goiás) e Ratinho Junior (Paraná) também não se manifestaram nas redes sociais sobre o encontro. Ratinho Junior focou em posts sobre a beleza do Paraná e ações de seu Governo.

Ratinho Junior, em declarações anteriores, havia cobrado rapidez nas negociações e criticado a resolução de impasses por meio de “vídeos nas redes sociais”. Ele também sugeriu que a motivação de Trump não seria Bolsonaro, mas sim a Defesa de Lula para rever o uso do dólar nas transações comerciais, o que gerou atritos com Eduardo Bolsonaro. Em agosto, Tarcísio, Caiado, Ratinho e Leite uniram-se em críticas a Lula, atribuindo a ele a responsabilidade pelo tarifaço, apesar de não mencionarem Bolsonaro.

O Papel de Eduardo Bolsonaro e as Críticas ao STF

Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou que sua família “nunca pediu o aumento de tarifas”. Desde março, ele tem buscado negociar sanções contra o governo Lula com o governo Trump, em retaliação à condenação de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Eduardo classificou a negociação de Lula e Trump como algo “sem o que comemorar”, citando a manutenção de sanções e vistos cancelados. Ele se refere à taxação como “Tarifa-Moraes”, culpando o comportamento autoritário das instituições brasileiras.

Eduardo Bolsonaro chegou a criticar Tarcísio de Freitas por liderar reuniões com empresários para buscar soluções para as tarifas. Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), que atribuiu a “responsabilidade maior” pelo tarifaço à família Bolsonaro, também não comentou o encontro. Suas publicações mais recentes focam em obras de infraestrutura em seu estado.

Em declarações anteriores sobre o tarifaço, Leite chegou a afirmar que Lula colaborou para “criar um ambiente de animosidade” com Trump, mas poupou críticas a Geraldo Alckmin. Ele ironizou a propaganda federal sobre soberania, afirmando a importância de construir canais de diálogo.

Contexto e Impacto Político

O encontro entre Lula e Trump ocorre em um momento delicado para a política brasileira e as relações bilaterais. A divergência entre os pré-candidatos da direita e a postura de Lula em buscar negociações diretas com os Estados Unidos evidencia as complexas dinâmicas políticas e econômicas em jogo, especialmente com as eleições presidenciais de 2026 se aproximando. A ausência de manifestações dos principais nomes da oposição levanta questionamentos sobre suas estratégias de posicionamento diante de um cenário internacional em constante mudança.

Fonte: Valor Econômico

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