A taxa de desemprego no Brasil repetiu a mínima histórica pela terceira vez consecutiva, atingindo 5,6% no trimestre encerrado em setembro, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE. Esse cenário levanta a questão se o mercado de trabalho atingiu seu piso ou se há espaço para melhorias.
O resultado ficou ligeiramente acima da mediana das expectativas de Mercado, que projetavam 5,5%.
“Vemos o terceiro mês consecutivo de estabilidade, o que sugere que não há muito espaço para continuar caindo”, avalia André Valério, economista sênior do Inter. Ele pondera que, diante do aperto monetário com a taxa Selic em 15% e a desaceleração observada no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a tendência pode ser de um aumento na taxa de desocupação e uma menor abertura de vagas nos próximos meses.
Valério alerta que a PNAD Contínua, por captar uma média móvel trimestral, apresenta dados mais suavizados e com certo defasagem em relação a outros indicadores.
Mercado de Trabalho Robusto Apesar de Sinais de Desaceleração
Apesar das projeções de desaceleração, o quadro geral do mercado de trabalho ainda é considerado robusto. Daniel Buarque, pesquisador da FGV/Ibre, observa uma desaceleração mais lenta do que o esperado.
Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital, aponta um “princípio de enfraquecimento” nos dados, destacando que o avanço do emprego formal, com crescimento de 2,7% na comparação anual, sustentou o resultado, enquanto o emprego informal teve queda de 4%.
Os rendimentos médios também apresentaram crescimento, com alta de 2% no mercado formal e 6,5% no informal, ambos acima da inflação. “O dado aponta a perda de fôlego do mercado de trabalho na margem, ainda que o nível siga historicamente baixo”, comenta Leonardo Costa, economista do ASA.
Fatores Demográficos e Qualificação Impulsionam Taxa de Desemprego Baixa
Buarque ressalta que os baixos níveis históricos da taxa de desemprego podem ser parcialmente explicados por mudanças demográficas e de qualificação da força de trabalho brasileira. “Hoje temos trabalhadores mais velhos e mais qualificados do que há 10 ou 20 anos, de modo que isso permite manter a taxa de desemprego mais baixa”, explica.
Projeções Econômicas e O Impacto da Atividade Econômica
Igor Cadilhac, economista do PicPay, indica que os indicadores sugerem que o Banco Central continuará monitorando a abertura do hiato do produto, que sinaliza uma demanda ainda aquecida. “Esperamos que o aquecimento persista por um período prolongado, ainda que em processo gradual de desaceleração”, afirma.
As projeções apontam para uma taxa média de desemprego de 6% em 2025, com expectativa de encerramento do ano em 5,5%.
A análise sobre a economia brasileira sugere que, apesar de os dados de desemprego indicarem um possível teto, a dinâmica econômica e fatores estruturais contribuem para manter a taxa em níveis historicamente baixos, mas com desafios à frente.
Fonte: InfoMoney