O futuro da democracia brasileira em 2026 é o centro de um debate crucial. Com o anúncio de Lula de que buscará a reeleição, levanta-se a questão sobre o que verdadeiramente estará em jogo no cenário eleitoral.
Debate Eleitoral: Presente e Futuro
Pesquisas indicam que a maioria dos eleitores não deseja ver nem Lula, nem Bolsonaro como candidatos em 2026. Haveria um anseio por uma Renovação na esquerda e na direita, com propostas voltadas para o futuro. Contudo, a realidade sugere uma possível repetição de cenários passados, lembrando a eleição de 1989, quando Lula já era um nome presente, e agora, na décima eleição, a sensação é de um ciclo repetitivo.
O presidente Lula possui uma vantagem inicial. Historicamente, a taxa de reeleição presidencial na América Latina atinge 85%. Nos últimos cinco meses, seu governo, que havia atingido um ponto baixo de aprovação, vem em recuperação. Um índice de aprovação acima de 40% torna a reeleição improvável, enquanto acima de 50% a torna provável. Com a inflação controlada, baixo desemprego e programas sociais em andamento, o curto prazo parece favorável ao governo, o que é crucial para a disputa de 2026.
Cenário da Direita e Polarização
No espectro da direita, o cenário é mais complexo. Há uma percepção de que existe um eleitorado que se identifica com propostas econômicas de direita, mas rejeita o radicalismo, mostrando insatisfação com Bolsonaro. Isso poderia abrir espaço para uma direita mais moderada, com nomes como Tarcísio ou Ratinho Jr.. Lula, ao reforçar seu alinhamento com a esquerda, como demonstrado pela escolha de Boulos como seu porta-voz, pode inadvertidamente impulsionar essa busca por alternativas mais centristas na oposição.
O embate de 2026 tenderá a seguir o padrão que opõe duas visões de país desde os anos 1990. Este conflito se manifesta desde as discussões sobre privatizações, Lei de Responsabilidade Fiscal, até reformas mais recentes como a autonomia do Banco Central e o novo marco do saneamento. Lula, ao prometer o fim das privatizações e o retorno do protagonismo estatal, cumpriu sua palavra, o que se reflete na situação fiscal atual do Brasil, demonstrando sua coerência política.
O Componente Institucional em 2026
A disputa em 2026 trará um elemento institucional de destaque: a chancela ou rejeição à lógica da exceção que marcou os últimos anos, especialmente a partir dos inquéritos iniciados em 2019. Atualmente, a oposição parece em desvantagem, com parte dela insistindo em estratégias que se assemelham ao apoio ao ex-presidente Trump, e o espectro de uma eleição sob influência do sistema de justiça, como em 2022. O desafio final pode residir em garantir um debate livre e democrático, independentemente do resultado, configurando uma Vitória para o país.
Fonte: Estadão