Delta e United: estratégia de luxo impulsiona lucros no setor aéreo

Delta e United impulsionam lucros no setor aéreo com estratégia focada em alta renda, assentos premium e programas de fidelidade. Entenda o sucesso.
Delta e United alta renda — foto ilustrativa Delta e United alta renda — foto ilustrativa

As companhias aéreas nos Estados Unidos parecem estar se dividindo em dois grupos distintos: Delta Air Lines e United Airlines, que prosperam com alta lucratividade, e as demais. Essa separação se deve a apostas estratégicas significativas realizadas pelas duas empresas nos últimos anos.

Estratégia Focada em Alta Renda e Voos Internacionais

Delta e United expandiram seus programas de fidelidade e priorizaram a venda de mais assentos em classes premium (primeira classe e executiva), além de intensificar a operação de voos internacionais. Essa abordagem tem se mostrado extremamente bem-sucedida.

Desde 2022, essas duas gigantes aéreas respondem pela maior parte dos lucros do setor. Especialistas preveem que essa Liderança tende a se acentuar cada vez mais.

“Este é o paradigma do setor agora”, afirmou Tom Fitzgerald, analista de companhias aéreas do banco de investimento TD Cowen. “Acho que a diferença está prestes a se tornar cada vez mais acentuada a cada ano.”

Resultados Financeiros e Crescimento

A Delta anunciou um lucro superior a US$ 1,4 bilhão entre julho e setembro, um aumento de 11% em relação ao mesmo período do ano anterior. A United, por sua vez, reportou um lucro de US$ 949 milhões no terceiro trimestre. Ambas as companhias se beneficiaram enormemente do aumento da Receita proveniente de programas de fidelidade e da venda de assentos premium.

“O que realmente provamos é que viagens aéreas não são uma mercadoria”, declarou Scott Kirby, CEO da United, em uma teleconferência. Essa declaração reforça a tese de que a diferenciação no serviço e nos produtos é crucial para o sucesso no Mercado atual.

Passageiros embarcando em um avião da Delta Air Lines.
Passageiros embarcando em um voo da Delta Air Lines.

Riscos e Evolução da Estratégia

Embora a estratégia tenha sido vitoriosa, ela não está isenta de riscos. Mudanças na concorrência, que poderiam encontrar formas mais eficazes de competir, ou um enfraquecimento econômico que afete particularmente consumidores de alta renda, poderiam impactar os resultados.

A implementação dessa estratégia por Delta e United começou há anos. Após fusões estratégicas em 2008 e 2010, as empresas otimizaram suas frotas com jatos versáteis, adicionaram assentos premium, modernizaram sua tecnologia e reformularam seus programas de passageiro frequente. A expansão de rotas e parcerias globais também contribuíram para novas fontes de receita e maior atratividade para executivos e viajantes abastados.

Domínio em Aeroportos e Vantagem Competitiva

As companhias aéreas também se beneficiam do domínio em aeroportos localizados em áreas urbanas prósperas. A Delta, por exemplo, detém mais de 70% dos voos em aeroportos que atendem Atlanta, Detroit, Minneapolis e Salt Lake City, além de forte presença em Boston, seattle e nos aeroportos Kennedy e LaGuardia em Nova York. A United tem a maioria dos voos em aeroportos que atendem Denver, Houston, Nova York, Washington e São Francisco, segundo dados da Cirium, empresa de dados de aviação.

“É oferta e demanda; se você pode controlar a oferta, então realmente pode definir preços”, observou Kevin Healy, consultor sênior da Campbell-Hill. Essa vantagem competitiva permite que as empresas estabeleçam preços mais elevados.

Avião da United Airlines em voo.
Avião da United Airlines em voo, destacando a presença global da companhia.

American Airlines e o Desafio da Lucratividade

A American Airlines, apesar de ter alcance global e domínio em aeroportos importantes, não tem apresentado os mesmos níveis de lucro que Delta e United. Especialistas apontam que o Acesso limitado a mercados lucrativos, menor investimento em assentos premium e decisões que frustraram clientes podem ser fatores contribuintes. A companhia também enfrenta um endividamento significativo.

A American Airlines declarou que está investindo em lounges e assentos premium, além de implementar outras mudanças para atrair clientes de maior poder aquisitivo e melhorar seu desempenho financeiro.

A Força dos Assentos Premium e Programas de Fidelidade

A venda de assentos premium tem sido um pilar de força para Delta e United, impulsionada por um mercado de ações robusto e pela aposentadoria de profissionais de alta renda. Glen Hauenstein, presidente da Delta, destacou que os produtos premium, antes considerados líderes de perda, agora são os de maior margem.

A Delta informa que grande parte de sua receita provém de famílias com renda anual superior a US$ 100 mil. A companhia espera que a receita premium (incluindo assentos caros, cartões de crédito e outras fontes) supere a da cabine principal até 2027. A United também tem capitalizado a demanda premium, com essas receitas crescendo 6% no terceiro trimestre em relação ao ano anterior.

Programas de fidelidade tornaram-se uma fonte massiva de lucros. Há cerca de uma década, Delta, United e outras companhias aéreas reestruturaram seus programas, recompensando clientes com base no gasto, não na distância voada. A adição de lounges e outros benefícios fortaleceu ainda mais a atratividade desses programas.

No terceiro trimestre, a Delta recebeu aproximadamente US$ 2 bilhões da American Express, que administra seu cartão de crédito cobranded, um aumento de 12% em relação ao ano anterior. A receita de fidelidade da United no mesmo período cresceu cerca de 9%.

Interior de cabine de primeira classe de avião.
Aumento na demanda e receita dos assentos premium.

Impacto nas Companhias Low-Cost

Enquanto Delta e United colhem lucros consistentes, as companhias focadas em preços baixos enfrentam desafios. Operar com custos baixos tornou-se mais difícil devido ao aumento dos custos de mão de obra, acesso a aeroportos e outros fatores. Isso, combinado com um excesso de assentos domésticos, pressionou as transportadoras de baixo custo.

Companhias como Spirit Airlines e Frontier Airlines têm tentado imitar as ofertas premium de Delta e United. Até mesmo a Southwest Airlines, tradicionalmente avessa a esses modelos, tem se adaptado.

Perspectivas para o Futuro

Analistas do J.P. Morgan indicaram que a vantagem competitiva de companhias como Delta e United sobre rivais de menor custo, que oferecem apenas assentos econômicos, pode ser permanente, dada a sustentação da demanda premium.

Aeroporto movimentado com aviões no terminal.
O setor aéreo americano está cada vez mais dividido entre companhias de luxo e baixo custo.

Fonte: Folha de S.Paulo

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