Violência Custa R$ 1 Trilhão ao Brasil: O Impacto no PIB

A violência custa ao Brasil mais de R$ 1 trilhão anualmente, o equivalente a 11% do PIB. Entenda os custos diretos e indiretos para a economia.
custo da violência no Brasil — foto ilustrativa custo da violência no Brasil — foto ilustrativa
A member of the police walks with a monkey on his shoulder during a police operation against drug trafficking at the favela do Penha, in Rio de Janeiro, Brazil October 28, 2025. REUTERS/Aline Massuca

A escalada da violência, especialmente em regiões como o Rio de Janeiro, gera não apenas preocupações políticas e sociais, mas também representa um fardo financeiro bilionário para o Brasil. Estimativas recentes apontam que o custo anual da violência atinge 11% do Produto Interno Bruto (PIB), ultrapassando a marca de R$ 1 trilhão.

Esses dados são compilados pelo Atlas da Violência, uma pesquisa anual realizada em Parceria pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Um cálculo anterior do próprio Ipea indicava que cada morte violenta custa, em média, R$ 1 milhão aos cofres públicos. Este valor engloba gastos com saúde, previdência, segurança, processos judiciais e perda de produtividade.

Considerando apenas os homicídios, o país gasta mais de R$ 46 bilhões anualmente. Embora a taxa de homicídios no Brasil tenha apresentado uma ligeira redução em 2023, registrando 21,2 mortes a cada 100 mil habitantes (uma queda de 2,3% em relação a 2022), o número absoluto de 45.747 homicídios consolida a menor taxa dos últimos 11 anos.

No contexto específico do Rio de Janeiro, um estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC) estimou que a violência causa perdas de até R$ 11,48 bilhões anualmente, o que equivale a 0,9% do PIB estadual. A variação nas estimativas se dá pela inclusão de diferentes metodologias, que ponderam custos diretos e indiretos.

Custos do Crime na América Latina e Caribe

Um estudo publicado no final do ano passado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), sob a presidência do economista brasileiro Ilan Goldfajn, analisou os Custos do crime e da violência em 22 países da América Latina e do Caribe. A pesquisa revelou que os gastos diretos ligados ao crime alcançaram 3,44% do PIB da região em 2022, um valor praticamente estável em comparação com estudos anteriores.

Segundo o BID, o custo do crime na região é comparável a 78% do Orçamento público destinado à educação, o dobro do orçamento para assistência social e 12 vezes maior que o investimento em pesquisa e desenvolvimento. Para o Brasil, a estimativa é que esses gastos tenham subido de 3,65% do PIB em 2014 para até 3,92% em 2022.

O estudo do BID detalha os “custos diretos” como perda de capital humano por homicídios e crimes não letais, gastos de empresas privadas em prevenção e custos públicos com resposta e prevenção ao crime. Entre os “custos indiretos”, o relatório aponta impactos na atividade turística, migração e produtividade empresarial.

Comparativo e Recomendações

A pesquisa do BID também comparou os custos diretos do crime na América Latina e Caribe com seis países europeus (Polônia, Irlanda, República Tcheca, Portugal, Países Baixos e Suécia), onde os custos médios representam 2% do PIB. Isso significa que a região latino-americana e caribenha gasta 42% a mais com o crime. Uma redução desses custos para os níveis europeus liberaria aproximadamente 1% do PIB regional para investimentos em programas de bem-estar social.

O estudo conclui com recomendações de políticas públicas focadas no fortalecimento de instituições, eficiência de gastos com base em evidências, aprimoramento dos sistemas de justiça e investimento em educação e serviços sociais para combater as causas profundas do crime. A melhoria na coleta de dados e pesquisa é enfatizada como crucial para uma compreensão mais aprofundada do fenômeno.

Fonte: InfoMoney

Adicionar um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Imagens e vídeos são de seus respectivos autores.
Uso apenas editorial e jornalístico, sem representar opinião do site.

Precisa ajustar crédito ou solicitar remoção? Clique aqui.

Publicidade