A maior parte dos usuários de redes sociais no Rio de Janeiro culpa o governador Cláudio Castro pela deterioração da segurança pública no estado. Paralelamente, há uma forte desaprovação em relação à megaoperação policial realizada na última terça-feira, que resultou em mais de 100 mortos, um recorde para ações desse tipo na capital Fluminense.
Responsabilidade pela Crise de Segurança
Um levantamento realizado pela AP Exata revelou que 63,4% das menções online apontam Cláudio Castro como o principal responsável pela crise de segurança. Em contraste, 29,7% atribuem essa responsabilidade ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e 6,9% citam outros atores, como o Supremo Tribunal Federal (STF).
Sergio Denicoli, CEO da AP Exata, explica que a percepção pública foca na atribuição estadual da segurança pública. “As pessoas entendem que a segurança pública é mais uma atribuição dos Estados, que controlam as polícias militares e civis, do que do Governo federal, responsável pela Polícia Federal”, afirmou.
Opiniões Divididas sobre a Megaoperação Policial
A megaoperação policial contra o Comando Vermelho gerou opiniões divididas entre os internautas: 53,2% desaprovaram a ação, enquanto 46,8% a aprovaram. A análise da AP Exata abrangeu 62 mil publicações no Instagram e X (antigo Twitter) entre terça e quarta-feira.
A narrativa predominante, representando 45,8% das publicações, descreve a operação como uma “chacina” estatal, associada a políticas de extermínio contra populações negras, pobres e periféricas. Por outro lado, 41,2% das postagens defendem a ideia de que o Rio de Janeiro vive um “estado de guerra” e clamam por uma política de “tolerância zero” contra o crime.
Denicoli pontua que a vantagem na disputa narrativa nas redes sociais tem favorecido o governo federal, mesmo com setores da direita tentando associar o presidente Lula à crise. “A militância, que não é o discurso oficial, fala em chacina de Estado e política de extermínio. Já o governo defende operações com inteligência, como mencionaram o ministro Fernando Haddad ao citar a máfia dos combustíveis”, explicou.
Evolução do Debate e Impacto nas Redes
O debate nas redes sociais evoluiu ao longo do período analisado. Inicialmente, o foco esteve na notícia da operação e nos confrontos, incluindo o uso de drones por traficantes. Com o aumento do número de mortos, a discussão migrou para a dimensão da tragédia, especialmente após moradores do Complexo da Penha levarem corpos a uma praça local. O número oficial de mortos na operação ultrapassou 130.
A AP Exata analisou dados de redes sociais e destacou a importância de entender a percepção pública sobre a gestão da segurança no Rio de Janeiro, especialmente no contexto político estadual e federal.
Fonte: Estadão