Crise do Metanol Afeta Vendas de Bares e Restaurantes em Setembro

Vendas de bares e restaurantes caíram 4,9% em setembro, impactadas pela crise do metanol. Veja os números e análises do setor.
Crise do metanol — foto ilustrativa Crise do metanol — foto ilustrativa

A crise do metanol, que se intensificou no final de setembro, já reflete nos números de vendas do setor de bares e restaurantes. De acordo com o Índice Abrasel-Stone, divulgado pela Stone em Parceria com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), as vendas em setembro registraram uma queda de 4,9% em relação a agosto e de 3,9% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Essa retração contrasta com as altas observadas em meses anteriores, como em agosto (2,2%) e julho (0,4%), após uma queda de 3,7% em junho.

Paulo Solmucci, presidente da Abrasel, atribui o desempenho de setembro a uma combinação de fatores. O mês iniciou com pressão, especialmente após um agosto impulsionado pelo Dia dos Pais, uma data crucial para o faturamento do setor. Além disso, a alta inflação impactou o poder de compra dos consumidores. Solmucci ressalta que a movimentação em alguns estabelecimentos foi visivelmente afetada pelo receio gerado pelos casos de intoxicação por metanol, que levaram a mortes e cegueira.

Guilherme Freitas, economista e pesquisador da Stone, descreve o cenário de setembro como mais desafiador para o segmento de alimentação fora do lar. Ele aponta que, embora o Mercado de trabalho apresente uma taxa de desemprego baixa, a velocidade de criação de novas vagas formais diminuiu e o endividamento das famílias permanece elevado. Esse quadro restringe a renda disponível para consumo, afetando prioritariamente itens não essenciais como refeições e bebidas consumidas fora de casa. A inflação específica do setor, que pressiona os tíquetes médios, e a recente crise do metanol, como um fator pontual de incerteza, também contribuíram para a retração observada no mês.

A inflação oficial do país, medida pelo IPCA, apresentou alta de 0,48% em setembro, revertendo a deflação de 0,11% vista em agosto. No acumulado de 12 meses até setembro, o IPCA atingiu 5,17%. Na categoria específica de “alimentação fora do domicílio”, que abrange bares e restaurantes, houve um aumento de preços de 8,24% nos últimos 12 meses, com uma elevação de 0,11% em setembro sobre agosto.

Recortes Regionais e Impactos da Crise

O levantamento abrange 24 estados, mas apenas Maranhão (2,6%) e Mato Grosso do Sul (1%) apresentaram crescimento nas vendas anuais do setor em setembro. Em contrapartida, as maiores quedas foram registradas em Roraima (-11,5%), Pará (-9,9%), Rio de Janeiro e Santa Catarina (-7,6%), Paraíba e Sergipe (-7%), Mato Grosso (-6,9%), Rio Grande do Sul (-6,5%), Rondônia (-5,8%), Ceará (-4,9%), Bahia (-4,2%), Alagoas e Tocantins (-4,1%), Pernambuco (-3,9%), Espírito Santo (-3%), São Paulo (-2,7%), Minas Gerais (-2,4%), Amazonas (-1,6%), Goiás e Paraná (-1,1%), Rio Grande do Norte (-1%) e Piauí (-0,4%).

Freitas explica que as acentuadas quedas em estados do Norte se devem à maior sensibilidade desse mercado às variações de renda e preço. A região também foi mais afetada pela alta nos Custos de insumos e pela menor circulação de renda informal, fatores que, somados à desaceleração da economia local, contribuem para o desempenho negativo mais expressivo.

Resiliência em São Paulo e Expectativas Futuras

Apesar de ter sido o epicentro da crise do metanol, São Paulo registrou uma das menores quedas nas vendas em setembro, evidenciando a resiliência do setor no estado. Segundo Freitas, essa relativa estabilidade pode ser explicada por dois fatores principais. Primeiro, a diversidade do mercado paulista, com maior presença de estabelecimentos formais e de grande porte, e a relevância de refeições e delivery, tendem a diluir choques focados em bebidas alcoólicas. Segundo, a crise do metanol ganhou força apenas no final de setembro, com o primeiro fim de semana de repercussão ocorrendo em outubro, limitando o impacto capturado nos dados de setembro.

A expectativa para outubro é que o efeito completo da crise do metanol se manifeste, especialmente nas primeiras semanas, período de maior atenção pública e cautela dos consumidores. No entanto, Freitas prevê um impacto pontual e de curta duração, devido à rápida atuação da fiscalização e das medidas de controle, que devem restabelecer a Confiança do público. O principal motor do desempenho do setor em outubro, assim como em setembro, continuará sendo o cenário macroeconômico, marcado pela limitação da renda disponível e pela inflação de custos.

Fonte: InfoMoney

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