Tarcísio evita desgaste eleitoral com crise hídrica e privatização da Sabesp

Gestão Tarcísio ajusta comunicação sobre crise hídrica para proteger imagem da privatização da Sabesp e evitar desgaste eleitoral em 2026.
Crise hídrica Sabesp Tarcísio — foto ilustrativa Crise hídrica Sabesp Tarcísio — foto ilustrativa

Em meio à possibilidade de moradores da Grande São Paulo enfrentarem longas horas sem água, a gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos) está reajustando sua comunicação sobre a crise hídrica. O objetivo é prevenir que a situação gere desgaste político para a privatização da Sabesp, uma das principais bandeiras do Governo, especialmente com as eleições de 2026 em vista.

Estratégias de Comunicação e Impacto Eleitoral

A equipe do governador avalia que um agravamento da crise hídrica pode comprometer o cenário político atual, que ele considera favorável para suas ambições presidenciais em 2026, embora ele afirme que buscará a reeleição em São Paulo. Após um ano de decisões controversas e com Lula (PT) recuperando posições nas pesquisas, a atual crise de segurança pública tem aberto espaço para Tarcísio promover propostas de combate à violência, tema onde políticos de direita frequentemente ganham mais visibilidade.

Mesmo após o controle da Sabesp ter sido transferido para o setor privado há alguns meses, Tarcísio mantém acompanhamento próximo da comunicação da empresa. Há cerca de três meses, o publicitário Nizan Guanaes, responsável pela Publicidade da Sabesp, e Felipe Nunes, da Quaest (responsável por pesquisas de opinião para a companhia), estiveram em reuniões com o governador fora da agenda oficial. Guanaes destacou o esforço em apresentar a campanha de transformação e modernização da rede de abastecimento.

Moradores da Grande São Paulo enfrentando a crise hídrica.
Crise hídrica em São Paulo: gestão Tarcísio busca evitar desgaste político.

Ações de Contingência e o Papel da Arsesp

A possibilidade de impacto no abastecimento de água tem demandado atenção redobrada. Durante a crise hídrica de 2014-2015, quando a Sabesp ainda era estatal, as decisões governamentais eram comunicadas pela empresa e vice-versa. Na época, o então governador Geraldo Alckmin (PSB) enfrentou Críticas ao garantir que não faltaria água, para depois admitir a necessidade de racionamento.

Neste ano, a Sabesp não foi diretamente envolvida no anúncio da consulta pública sobre a metodologia para redução de consumo, que prevê a diminuição da pressão do sistema por até 16 horas diárias, afetando principalmente bairros mais distantes. O governo estadual informou que essa metodologia se aplica tanto à Sabesp quanto a nove concessionárias municipais reguladas pela Arsesp, que terão 120 dias para apresentar planos de contingência. Thiago Mesquita, presidente da Arsesp, explicou que a Sabesp atua como operadora do sistema e deve cumprir as determinações de redução de pressão, mas não é responsável pela formulação de políticas públicas nem pela definição autônoma de suas regras operacionais.

Representação da infraestrutura de abastecimento de água.
Redução de pressão na rede de abastecimento visa conter a crise hídrica.

Argumentos para a Privatização e Críticas da Oposição

A secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, defende a privatização, argumentando que a medida fortaleceu a resiliência hídrica do estado, prevenindo um risco de desestruturação da infraestrutura. Ela citou um estudo privado usado no processo de desestatização que projetava uma perda potencial de 50% dos municípios operados pela Sabesp estatal em 15 anos, caso a privatização não ocorresse. O estudo indicava que a desestatização seria fundamental para garantir a continuidade do modelo regional integrado.

Por outro lado, parlamentares da oposição criticam a abordagem do governo. O deputado estadual Antonio Donato (PT) relata dificuldades em obter informações diretas da Sabesp, com o governo preferindo centralizar as questões via Arsesp. Ele também questiona o impacto da redução de pressão, afirmando que o morador da periferia é quem acaba sendo mais penalizado.

Um técnico da empresa, sob reserva, aponta outro ponto de potencial desgaste não previsto pelo governo: as metas de consumo per capita. Mesmo com modelos que oferecem bônus para quem economiza, a proposta pode ser interpretada como racionamento, o que poderia gerar insatisfação popular.

Gráfico com projeções de consumo de água.
Projeções de consumo de água e planos de contingência na gestão da crise hídrica.

O mesmo técnico ressalta que, se o regime de chuvas retornar à média histórica, o risco de agravamento da escassez é baixo. Segundo o governo, o cenário atual se assemelha mais a 2021 do que a 2014 em termos de escassez. A secretária Natália Resende afirma que as medidas já implementadas são consideradas suficientes no momento e que a imposição de metas de consumo obrigatórias não é necessária, pois as ações em curso têm apresentado resultados satisfatórios.

Fonte: Folha de S.Paulo

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