A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS teve sua sessão desta segunda-feira (13) interrompida por um acalorado debate entre o ex-presidente do órgão, Alessandro Stefanutto, e o relator da comissão, Alfredo Gaspar (União-AL). O embate ocorreu durante o depoimento de Stefanutto, que reagiu com indignação a uma pergunta sobre reportagem que levantava suspeitas de irregularidades na autarquia.

Stefanutto acusou a pergunta de ser desrespeitosa e não baseada em fatos comprovados pela investigação. “O senhor me respeite! O senhor me respeite!”, bradou o ex-presidente, visivelmente alterado. Ele chegou a classificar o trabalho do relator como “uma vergonha” e acusou o parlamentar de partir de um pré-julgamento. A tensão escalou com vaias de outros parlamentares, forçando o presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), a suspender a sessão por cinco minutos.
Tensão e Pedidos de Prisão
O clima na sala se tornou ainda mais crítico quando Stefanutto apontou o dedo para o relator, o que gerou pedidos de Prisão por desacato por parte da oposição, liderada pelo deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS). Contudo, a presidência da CPMI não acolheu tais solicitações. Após o retorno da breve interrupção, Stefanutto optou por pedir desculpas ao relator, admitindo que se excedeu na reação.

Resistência Inicial e Colaboração
No início de sua participação, Stefanutto havia manifestado sua intenção de não responder a perguntas do relator, seguindo orientação de sua Defesa que alegava pré-julgamento. No entanto, após ser persuadido pelo presidente Carlos Viana, o ex-presidente concordou em colaborar com os questionamentos. “Estou pronto para responder todas as perguntas, desde que essa pergunta não seja feita de forma desrespeitosa”, declarou em outro momento da oitiva, reiterando a importância do respeito mútuo durante o processo.
Contexto da Nomeação e Saída de Stefanutto
Durante seu depoimento, Alessandro Stefanutto detalhou sua trajetória à frente do INSS. Ele informou ter sido nomeado em julho de 2023, após integrar a equipe de transição do Governo. Segundo seu relato, o convite para assumir o cargo partiu do ministro da Previdência, Carlos Lupi, a quem conheceu pela primeira vez em 8 de janeiro de 2023. O ex-presidente também esclareceu que sua saída do cargo não foi uma decisão política, mas sim consequência de uma determinação judicial. “Não saí por decisão de presidente nem de ministro; saí por decisão judicial”, afirmou.
Gestão e Defesa de Medidas
Stefanutto defendeu as ações implementadas durante sua gestão, incluindo a manutenção de todos os diretores da autarquia. Ele ressaltou a implantação do Atestmed, um sistema que facilitou o pagamento de benefícios por incapacidade por meio de atestados médicos. “Derrubamos para 14 dias a espera do benefício por incapacidade. Era mais barato e mais eficiente”, argumentou, destacando os ganhos em agilidade e custo-benefício para os segurados e para o próprio INSS. A sessão tensa evidencia os desafios e as divergências no andamento das investigações da CPMI.
Fonte: G1