O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assegurou uma maioria entre os titulares da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar a atuação do crime organizado no Brasil. A estratégia envolveu a substituição do senador Nelsinho Trad (PSD-MS), considerado independente, por Angelo Coronel (PSD-BA), que demonstra maior alinhamento com o Planalto.
A oposição apostava no voto de Trad para equilibrar as forças na comissão. Trad, embora geralmente alinhado ao Governo, é visto como independente e sua posição em votações cruciais poderia variar. Parlamentares da oposição acreditavam que ele poderia se desvincular do Executivo, especialmente considerando as eleições de 2026 no Mato Grosso do Sul, onde a base eleitoral tende a se inclinar para a direita.
Diante dessa perspectiva, o governo intensificou pressões sobre o PSD para efetuar a troca. Angelo Coronel, o senador baiano escolhido, apesar de também ser classificado como independente, possui um histórico de votações mais favoráveis ao Planalto. Com essa alteração, o Executivo alcança seis votos entre os 11 titulares do colegiado, deixando a oposição com cinco.
Disputa pela Presidência da CPI
A composição da CPI ainda pode sofrer alterações com a Substituição de titulares por suplentes que apresentem perfis distintos. No entanto, a prioridade do Executivo é garantir o comando dos trabalhos através da presidência do colegiado. Para esta posição, o senador Fabiano Contarato (PT-ES) representa os interesses do governo, enquanto o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) surge como o nome da oposição.
Os membros da CPI se reuniram em caráter reservado antes do início da sessão, mas não houve consenso para a eleição do presidente. Consequentemente, a definição de quem ocupará a presidência da comissão será decidida por meio de votação entre os membros.
Preocupação do Planalto com a Imagem Presidencial
O Planalto demonstra preocupação com o potencial impacto negativo que a CPI do Crime Organizado pode ter na imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente em vista das eleições presidenciais de 2026. Essa preocupação se reflete na escolha de nomes de peso para compor o colegiado, visando um controle mais efetivo das narrativas e dos desdobramentos da investigação.
Fonte: Valor Econômico