Os preços do petróleo atingiram o menor nível desde maio, influenciados por uma combinação de fatores de produção e tensões geopolíticas. Nesta sexta-feira (17), o barril de petróleo Brent, referência global, operava em leve queda a US$ 60,98, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) nos EUA recuava para US$ 57,35. O Brent não via patamares tão baixos desde maio deste ano, e o WTI desde 2021.



Excesso de Oferta Pressiona Cotações
Um dos principais motores da queda é o aumento da oferta global em relação à demanda. A Agência Internacional de Energia (AIE) revisou para cima suas projeções de crescimento da oferta de petróleo, ao mesmo tempo em que reduziu ligeiramente as expectativas para o aumento da demanda. A AIE prevê um acréscimo de 2,2 milhões de barris por dia em 2025 e quase 4 milhões em 2026, indicando um potencial cenário de superabundância.
Analistas do DNB destacaram que um excedente de petróleo, já esperado há tempos, está começando a se materializar e deve continuar a exercer pressão sobre os preços da commodity.
Sinais de Paz e Geopolítica
Questões geopolíticas também desempenham um papel crucial. Embora conflitos como a guerra entre Rússia e Ucrânia e os confrontos entre Israel e Hamas tenham gerado volatilidade e pressionado os preços nos últimos meses, sinais recentes indicam um possível alívio. A expectativa de avanços diplomáticos pode reduzir o risco percebido no mercado.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou progressos em sua comunicação com o presidente russo Vladimir Putin, com quem planeja se reunir. Um eventual retorno da Rússia, um dos maiores produtores mundiais, ao mercado com mais volume poderia impactar os preços.
No Oriente Médio, Israel e Hamas firmaram uma fase inicial de cessar-fogo, o que diminui o risco de uma escalada do conflito na região. Historicamente, o receio de interrupções no transporte de petróleo por rotas estratégicas como o Mar Vermelho e o Canal de Suez eleva as cotações. Com o arrefecimento das tensões, há expectativa de que rebeldes huthis suspendam ataques a navios, liberando rotas logísticas e contribuindo para a queda de preços.

Tensões Comerciais EUA-China
O atrito comercial entre Estados Unidos e China continua sendo um fator de incerteza. Novas tarifas e contramedidas entre as duas maiores economias do mundo podem impactar o comércio Internacional e, consequentemente, a demanda por petróleo. Especialistas apontam que qualquer redução no fluxo comercial global tende a ser desfavorável para os preços da commodity.
A persistência dessa incerteza comercial pode pesar sobre as cotações nas próximas semanas. Além disso, analistas alertam que a manutenção do preço do barril de WTI abaixo de US$ 60 pode levar a uma desaceleração da produção americana, especialmente no setor de xisto, onde a perfuração de novos poços pode se tornar não lucrativa nesse patamar.
Perspectivas de Mercado
A tendência de queda nos preços do petróleo pode impactar diretamente a Receita de países produtores e empresas do setor. Uma produção americana mais lenta pode, a médio prazo, ajudar a reequilibrar a oferta e demanda. Observadores do mercado acompanham de perto as decisões da OPEP+ e a evolução das negociações geopolíticas para antecipar os próximos movimentos da commodity.
Fonte: G1